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Vai abrir a Casa de Portugal em Champigny

A Casa de Portugal em Champigny-sur-Marne, uma cidade histórica da emigração portuguesa nos arredores de Paris, deverá abrir portas em novembro de 2019, mas a associação portuguesa local procura agora apoios para as obras.

A casa, que começou a ser renovada, foi cedida este ano pela câmara municipal à Associação Portuguesa Sociocultural e Recreativa de Champigny-sur-Marne (APSCR) por um período de 40 anos, tendo o município prometido também uma ajuda de 60.000 euros para as obras, mas a associação ainda está a angariar fundos para a reconstrução.

“A Câmara ajudou a gente. Deu-nos a casa e deu-nos 60.000 euros. Tivemos ajudas de outros empresários mas esse dinheiro chega apenas para as grandes obras. Agora, andamos a bater à porta de quem nos possa ajudar para reconstruir essa casa para que a gente possa festejar o nosso aniversário dentro dela. Era o nosso sonho. Penso que daqui até novembro de 2019 esteja pronta”, disse à Lusa Manuel Marques, tesoureiro da associação.

A APSCR nasceu em 21 de novembro de 1973 para ajudar “os portugueses que vinham, a maior parte, a salto e não tinham apoio nenhum em lado nenhum”.

“A nossa associação dava-lhes apoio, por exemplo, para tratar de papéis, precisávamos de carta de trabalho e ‘carte de séjour’, precisávamos de tudo e era um sítio onde eles se podiam dirigir e tinham apoio das pessoas que cá estavam e que já tinham papéis”, recordou o emigrante de 67 anos.

Manuel Marques acrescentou que, nessa altura, foi formado um grupo folclórico que ainda existe, o ‘Saudades de Portugal’.

O português oriundo de Rio de Couros, em Ourém, também deixou Portugal clandestinamente – “a salto”, na expressão popularizada pelo filme “A Salto” de Christian de Chalonge, em 1967 – e entrou na associação sete anos depois, tendo conhecido, de perto, o maior bairro de lata da região de Paris nos anos 60 em Champigny.

“Nunca vivi nos bairros de lata mas conheci-os como os meus dedos. Era lá onde a gente se encontrava, os amigos todos. Ia-se beber uma cerveja, comer uns tremoços, pronto, aquilo fazia lembrar o nosso Portugal. Ia-se até às barracas para conversar um bocado e para reviver os nossos tempos”, descreveu Manuel Marques.

Daí que ter uma Casa de Portugal em Champigny-sur-Marne é “muito simbólico” para a emigração portuguesa, que vai ter um espaço para conviver no número 19 da rue du Monument.

A associação vai colocar no espaço as atividades que até agora desenvolve em salas emprestadas pelo município, como as aulas de português para crianças e adultos e os ensaios do grupo folclórico. Depois, há os torneios de sueca, as festas portuguesas e a vontade de ter um espaço para “viver e promover a cultura portuguesa”.

António Lopes, presidente da APSCR, sublinhou à Lusa que, por exemplo, em 2008, foi graças a esta associação que a cidade de Champigny passou a ter uma instalação do artista Rui Chafes em homenagem à emigração portuguesa, lembrando que o escultor entrou recentemente para a coleção do Centro Pompidou em Paris e que a delegação francesa da Gulbenkian tem patente uma exposição dele e de Alberto Giacometti.

Em 2016, uma outra associação, Les Amis du Plateau, dirigida pelo empresário Valdemar Francisco, inaugurou um outro monumento em homenagem ao antigo autarca Louis Talamoni pela ajuda prestada aos emigrantes no bairro de lata e que foi inaugurada pelo Presidente e pelo primeiro-ministro portugueses.

A Associação Portuguesa Sociocultural e Recreativa de Champigny-sur-Marne venceu, este ano, o prémio Cap Magellan-Les Amis du Plateau para a Melhor Iniciativa Cidadã, na Noite de Gala oferecida pela autarquia parisiense à comunidade portuguesa, na Câmara Municipal de Paris.

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