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Sabia que há em Portugal um museu do telemóvel?

Preservar a história, divulgar equipamentos e conferir-lhes a real importância que tiveram na nossa vida. Na Universidade do Minho existem dois museus que reúnem autênticas preciosidades no que à informática e aos smartphones diz respeito.

Museu de Informática e o Museu do Smartphone assumem-se como projetos distintos, mas com missões similares: preservar e divulgar a história dos objetos que constituem o seu espólio. Quem o diz é João Varajão, coordenador dos projetos de desenvolvimento destes museus, investigador do Centro de investigação Algoritmi e professor do Departamento de Sistemas de Informação (DSI) na Escola de Engenharia da UMinho.

Vamos à história. O primeiro a ser criado foi o Museu de Informática (inicialmente designado Museu Virtual de Informática), que surgiu em finais dos anos 1990 pela mão do professor José Maria Fernandes de Almeida. Em 2023, o projeto de desenvolvimento do museu foi devidamente estruturado e hoje conta com uma equipa de voluntários constituída por funcionários (docentes e não docentes) e estudantes, trazendo novas dinâmicas e abrindo novas perspetivas de evolução, frisou João Varajão. Já o Museu do Smartphone é um projeto recente, surgiu há cerca de dois anos no âmbito de unidades curriculares de Gestão de Projetos em mestrados do DSI.

O espólio de ambos os museus “é já muito rico e diversificado”. É possível encontrar diversas preciosidades, que vão da informática pessoal até à dos grandes datacenters. Também existem equipamentos precursores dos que conhecemos hoje e que foram neles incorporados, como máquinas de escrever (mecânicas e eletrónicas) e telefones (fixos e móveis).

Assim, é possível encontrar, no Museu de Informática, grandes mainframes como servidores IBM S34 e IBM AS400, terminais, microcomputadores, computadores pessoais profissionais, portáteis, periféricos, consumíveis, componentes, software original, livros, revistas e manuais. Já no Museu do Smartphone há telemóveis e muitos equipamentos relacionados com smartphones. “Relativamente ao Museu de Informática, com as suas características, riqueza e dimensão do espólio, e com exposições físicas e virtuais, arriscar-me-ia a afirmar que é um museu diferenciado a nível nacional”, disse João Varajão. Lembrou também que, felizmente, surgiram recentemente núcleos museológicos noutras universidades, “que parecem partilhar alguns dos objetivos deste museu, e também são bons exemplos as exposições do Departamento de Informática ou do Gabinete de Infraestruturas de Comunicações de Dados no campus de Gualtar, ambas merecedoras de visita”.

“Quanto ao Museu do Smartphone, não temos conhecimento de nenhum projeto similar em universidades em Portugal ou noutros países. Na verdade, também se contam pelos dedos de uma mão os museus internacionais de natureza similar”, referiu o responsável. Neste momento, apesar de os museus possuirem hardware, documentação e software, entre outros (como embalagens originais), apenas se encontram em exposição os equipamentos (hardware). “Não obstante, havendo interesse em aceder a alguma aplicação de software ou documentação em particular, os serviços do museu podem ser contactados nesse sentido”, destacou João Varajão.

João Varajão referiu ser difícil destacar objetos dentro do espólio dos museus, dada a relevância histórica do conjunto. Ainda assim, elencou cinco objetos de uma longa lista. Primeiro: pela sua dimensão e papel que teve em datacenters de todo o mundo nos anos 70 e 80, o servidor IBM System/34. Segundo: pelo facto de ser apontado como o “primeiro verdadeiro telemóvel comercializado em Portugal”, o Ericsson GH172. Terceiro: por ser a “primeira tentativa da Apple Computer para produzir um computador portátil”, o “transportável” Apple IIc. Quarto: por serem percursores do armazenamento de informação, a coleção de cartões perfurados IBM e cartões óticos Wang. Quinto: principalmente por ser um microcomputador ainda bem presente no imaginário de várias gerações, o Sinclair ZX Spectrum (nas suas diversas variantes). 

Todos estes equipamentos podem ser encontrados nas galerias físicas no DSI e existem ainda outros, de maiores dimensões, guardados num armazém no campus de Gualtar, mas “à espera, com urgência”, de outro local que lhes permita sobreviver em bom estado de conservação, sendo esta uma séria preocupação manifestada por aquele professor da UMinho.

Olhando para o futuro, João Varajão confessou alguns sonhos a concretizar. Um passa por “trabalhar no enriquecimento da informação disponível nos sítios web, o que inclui a otimização da organização das galerias temáticas e a disponibilização de informação detalhada sobre os equipamentos. A informação já se encontra compilada, mas a respetiva disponibilização não decorre ao ritmo desejado devido a limitações de disponibilidade da equipa, que colabora exclusivamente em voluntariado.

Por outro lado, no que respeita às exposições físicas, o desafio é maior. Uma parte muito significativa do espólio do Museu de Informática encontra-se em armazém e, dadas as suas grandes dimensões, tem sido difícil encontrar espaço condigno. “Sendo estes museus da nossa universidade, fica o desafio para todos os que nos leem em enviar-nos sugestões de espaços que estejam livres e que possam vir a ser utilizados como galerias vivas dos museus”, notou João Varajão. Mostrou ainda vontade de “abrir estas valências, num futuro não muito longínquo, a visitas de comunidades para além da escolar”, considerando que ambos os museus desempenham um papel importante na sociedade a diversos níveis.

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