Tem sido bonito de ver a quantidade de organizações, instituições que se tem associado aos festejos dos 50 anos da Revolução dos Cravos. Um pouco por todo mundo onde haja portugueses e se fale esta belíssima língua que se comemora amanhã, 5 de maio, celebra-se e canta-se os poetas de intervenção que viram e sentiram “abril nascer”, numa manhã que se esperava “num dia inicial inteiro e limpo/ onde emergimos da noite e do silêncio”, como escreveu a poetisa Sophia de Mello Breyner.
O sindicato luxemburguês OGBL também se associou a estes eventos numa belíssima cerimónia apresentada na passada sexta-feira, numa sala histórica para este sindicato.; “la maison du peuple” em Esch Sur Alzette”.
Numa conversa moderada por José Luís Correia, foi com muita emoção que ouvimos os convidados contar as suas vivências antes e depois do 25 de abril e sobretudo contextualizar a narrativa pessoal no contexto histórico e social da época. Neste sentido, ouvimos histórias de pobreza, de luta, de guerra, e também, a realidade que era a condição da mulher em Portugal antes do 25 de abril. Emotivas foram as intervenções de Maria Eduarda Macedo e Acácio Silva.
Momento de beleza poética foi a leitura de alguns poemas de intervenção dos poetas que tão bem escreveram as condições do povo, as suas lutas, as suas aspirações e os seus desejos. Pela belíssima voz da talentosa e atriz lusodescendente, Magaly Teixeira, foram declamados poemas de Sophia de Mello Breyner, José Mário Branco, Manuel Alegre e Ary do Santos. A juntar a estes poetas, Magaly Teixeira leu também poemas de 2 poetas saídos da comunidade portuguesa no Luxemburgo. O poeta José Luís Correia, e eu própria, São Gonçalves. Que honrados nos sentimos por ouvir os nossos poemas na voz da Magaly.
Nesta comemoração não faltou o cante alentejano pelo grupo de cantares alentejanos.
Miguel Calhaz, músico, cantor e contrabaixista, fechou com chave de ouro esta noite ao interpretar os poetas de abril de uma forma brilhante.
Que bela noite cultural a OGBL ofereceu aos seus membros e a todos os que puderam associar-se a este evento. O testemunho das nossas pessoas, na descrição das alegrias e das dores e principalmente dos anseios de uma juventude que na época aspirava a uma condição de pessoas livres. Que excelente noite onde não foram esquecidos os poetas, os que fazem a história da poesia portuguesa e os que despontam agora, saídos desta nova geração e filhos da migração no Luxemburgo.
São Gonçalves