O atual diretor desportivo do clube de futsal FC Differdange 03, que é também um empresário estratégico para o clube, foi jogador em Portugal. Mas Remy Manso apenas apoia a cor vermelha, e assim é no Luxemburgo desde 2004.
O futsal é um desporto profissional onde poucos são os que conseguem disso viver. “Quase que em Portugal também não dá”, refere Remy Manso em entrevista ao BOM DIA. Grande parte dos jogadores do “Diff” trabalham na sua cadeia de restaurantes, juntando-se o útil ao agradável. “Não dá para ser profissional de futsal a tempo inteiro no Luxemburgo”. Sendo a restauração uma área que precisa de muito pessoal, o clube recruta vários jogadores para colaborarem na restauração e para jogarem futsal.
Restaurantes como o El Barrio ou o Piri Piri, ambos no Luxemburgo, fazem parte da vasta cadeia de restauração de Remy Manso, que estudou cozinha no grão-ducado. O empresário dedica claramente mais tempo ao seu negócio do que ao futsal, mas não desmente ser um trabalho “muito sério” aquele que faz no desporto.
Remy Manso acredita que o clube teria qualidade para estar na liga principal de futsal em Portugal. “Se estivéssemos no campeonato português, tínhamos uma palavra a dizer”, salienta com confiança o diretor desportivo. “Dava para discutir uma meia tabela”.
Contudo, tem consciência de que se jogasse no campeonato português dificilmente teria oportunidade de jogar na Liga dos Campeões, como aconteceu através do Luxemburgo. “Há jogadores a nível profissional que nunca foram a uma Liga dos Campeões em Portugal e connosco já puderam ir”, realça uma vantagem de não estar num campeonato tão competitivo como em Portugal. O Differdange chegou à fase preliminar da Liga dos Campeões de futsal no verão de 2022, onde ficou em segundo lugar no grupo C, mas não conseguiu atingir a fase principal. Remy Manso revela que chegar à fase de grupos da Champions “é o sonho (…) estamos a fazer por isso”.
O futsal luxemburguês ainda não tem muita visibilidade e ainda precisa de tempo para maturar, de acordo com Remy Manso. “A falta de conhecimento das pessoas do que é o futsal faz com que não haja tanta visibilidade. Não há grandes valores associados, não passa muito na televisão”, refere o diretor do “Diff”. “Qualquer pessoa que venha ver um bom jogo de futsal fica a pensar que é um jogo espetacular. Mas muita gente não faz ideia do que é”.
Já fora do universo exclusivo do futsal, Remy não esconde contratar jogadores para também serem colaboradores nos seus restaurantes. “Nunca disse a ninguém nada que não fiz”, refere. Quando contrata atletas sabe que estes “saem da zona de conforto” e que é importante não os enganar. “Agora, há muita gente que já enganou (e que foi enganada)”. Diz ainda que “há pessoas que prometem coisas que não dão e que depois, quando falam connosco (direção), não sabem se hão de acreditar ou não”.
Sem filtros, o empresário refere que a maneira de ganhar a confiança dos jogadores é fazer algo, prometer, assumir e pagar. “Às vezes não corre tão bem como se está à espera, mas é assim”. Para Remy Manso é importante saber que “somos homens, não somos bonecos”.
O ex-guarda-redes da equipa acredita que este ano voltarão a ser campeões, “nem com truques, nem sem truques”. O plantel não tem o hábito de ser alterado muitas vezes. “Mudamos dois, três atletas no máximo”, admite Remy Manso. Dos três títulos que a equipa de futsal já venceu, o que lhe deu mais prazer foi o da época 2019/20, por terem sido alegadamente “roubados na secretaria na época anterior”. Em fevereiro de 2020, ganharam por 19-4 aos vencedores anteriores, o Racing.
No dia em que parar com o Differdange, Remy Manso não apoiará mais nenhum clube, para além do Benfica. Não se vê a apoiar equipas que não joguem de vermelho.
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