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O pugilista que está a derrotar a covid-19

Nos seus tempos de atleta, Vitali Klitschko tinha uma alcunha: Dr. Ironfist. Doutor porque o ucraniano de 48 anos é doutorado em Ciências do Desporto. E punhos de aço porque era com eles que aviava os adversário nos ringues de boxe. Com três títulos mundiais de pesos-pesados, o mais velho dos irmãos Klitschko foi um dos mais bem-sucedidos pugilistas da década passada, tendo abandonado a competição em 2013 ainda como campeão.

Dois anos depois tornou-se presidente da câmara de Kiev e é agora com os mesmos punhos que luta contra a covid-19, com a sua rápida ação preventiva a ser considerada decisiva para que, até agora, o novo coronavírus só tenha causado a morte a 15 pessoas na capital ucraniana, onde os últimos números oficiais apontam ainda para apenas 892 casos, numa cidade com 2,8 milhões de habitantes.

“Em finais de janeiro a cidade formou um grupo de trabalho e desde aí que estamos a comprar ventiladores”, revelou Klitschko em entrevista ao jornal britânico “Telegraph”. “Neste momento temos 14 hospitais dedicados à covid-19, com capacidade para 1700 infectados. Continuamos a ter de prevenção material de proteção, medicação, ventiladores e outros equipamentos”, explicou ainda o antigo pugilista, que nos ringues de boxe apenas perdeu por duas vezes em 47 combates. Das 45 vitórias, 41 foram por KO.

Para deixar a covid-19 caída no ringue, Vitali Klitschko contou também com outra importante ajuda: Wuhan, cidade chinesa onde foram detectados os primeiros casos do novo coronavírus, está geminada com a capital ucraniana. E a cooperação foi essencial para o caso de sucesso que é Kiev.

“Contactámos os especialistas de lá e eles amavelmente partilharam as suas experiências e procedimentos, que nos ajudaram a conter a propagação do vírus. Deram-nos também indicações de como os nossos médicos e enfermeiros deveriam proteger-se. Sem dúvida que usámos essas orientações e recomendações na hora de tomar decisões”, referiu ainda.

A Ucrânia está em confinamento obrigatório desde 12 de março, mas dias antes já Kiev se tinha fechado. “Tenho a certeza que as restrições severas feitas de forma precoce deram-nos o tempo que necessitávamos para travar a propagação do vírus. A situação cá está estável e para já escapámos aos cenários que vimos em Itália e Espanha”, sublinhou Klitschko que, apesar dos 2 metros de altura, reconhece a pressão de ter nas mãos a responsabilidade que é ter nas mãos “a saúde e a vida de milhões de pessoas”.

“A minha prioridade número 1 é que Kiev passe por isto com o mínimo de danos. Podemos levantar a economia, mas ninguém pode ressuscitar pessoas”, lembra também na conversa com o jornal britânico.

Vitali Klitschko diz ainda que tem mantido em contacto com presidentes de câmara de outras grandes cidades europeias e que, neste momento, praticamente vive no escritório: “Nunca pensei que pudesse estar tanto tempo a trabalhar sem parar. O meu dia de trabalho tem quase 24 horas, todos os dias da semana e ainda não consigo dizer quando é que isto vai voltar ao normal”.

 

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