Os professores de Português na Suíça manifestam-se em Genebra, das instalações em que funciona o Consulado de Portugal, para denunciar os efeitos da redução dos salários após a desvalorização do euro face ao franco suíço, segundo um comunicado do sindicato suíço UNIA.

Em declarações à agência Lusa, a professora Ana Morgado disse que “se trata de um movimento espontâneo, sem líderes, que reúne professores apoiados por alguns sindicatos, entre os quais o sindicato UNIA”, um dos maiores da Suíça.

A contínua falta de resposta para as chamadas de atenção que têm feito junto das autoridades portugueses, face aos efeitos resultantes da desvalorização do euro, motivou os professores a manifestarem-se, estando a ser equacionada a realização de uma greve em maio.

“Estamos desesperados, é uma vergonha (…) Estamos numa situação miserável porque não ganhamos o suficiente. É uma deceção. É uma tristeza”, disse Ana Morgado, que trabalha há 20 anos na Suíça e que diz ser a primeira vez que estas dificuldades se sentem.

O problema resultou do fim da taxa de câmbio fixa de 1,20 euros sobre o franco suíço, e provocou uma redução de 20% nos salários, uma situação que se verificou nos vencimentos de fevereiro e março.

O Governo português está a estudar a criação de um mecanismo de compensação cambial, mas trata-se de um processo “complicado”, comenta Ana Morgado.

“Entretanto, nós temos que pagar as nossas contas”, acrescentou, assegurando que vai participar na manifestação.

A falta de respostas pode levar ainda à realização de uma greve dos professores em maio.

Ana Morgado alertou ainda para o facto da degradação das condições de trabalho poder vir a afetar os alunos.

Na manifestação, além de alertarem para a questão da taxa cambial, os professores denunciam os cortes sucessivos que sofrem desde 2010 nos salários e a degradação das condições de trabalho.

De acordo com o comunicado do sindicato UNIA, o ensino do português na Suíça abrange 10.000 alunos e 85 professores.