Felgueiras assemelha-se a um presépio:
O seu Monte encastoa-se de casas
Que miram sobranceiras toda a vila,
Na paisagem tranquila.
Na Luz de azul e oiro esvoaçam asas…
*
– Ai, a luz de Felgueiras, que deslumbra!
Tem maciezas para os nossos olhos,
E os fulgores
Esperam pelo génio dos pintores!
*
– Pintores, onde estais vós, que não pintais
Esta luz de oiro, transparente e fresca,
Onde se despejou, como caudais,
A gama pinturesca?
*
Quando vou pela vila, e me enamoro
Desta paisagem que amorosa a enlaça,
Sinto no coração eflúvios de ouro,
Como se fôra um mundo em plena graça.
*
E as almas tão gentis que me saúdam!
A cada um estendo a minha mão:
Os humildes, os bons, os que levam n`alma
Todo o calor que dá o coração.
*
Gosto de vós, ó simples que passais!
A vila, a região, conserva ainda
Alguns dos seus costumes patriarcais.
Terrinha obreira, sossegada e linda!
*
Harpas, e rosas, e luar, e rezas,
Cobrindo as redondezas,
A voz dos sinos, que do Monte vem,
Traz harmonias dúlcidas, que lembram
Um mundo irreal e célico, de além!…
– Vela por nós, Santa Quitéria! Amén!…
A. Garibáldi, 1969