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Telescópio Euclid lançado por um português radicado na Alemanha

© DR

Tiago Loureiro, engenheiro aeroespacial, já se sentou quatro vezes numa sala de controlo para lançar um satélite, mas vai pela primeira vez dirigir as operações iniciais da vida de um engenho espacial, no caso o telescópio Euclid.

O português de 45 anos é diretor de voo adjunto na missão da Agência Espacial Europeia (ESA), com lançamento previsto para sábado, que colocará o Euclid a 1,5 milhões de quilómetros da Terra para observar uma imensidão de galáxias e “fazer luz” sobre o lado escuro do Universo.

Formado em Engenharia Aeroespacial pelo Instituto Superior Técnico, em Lisboa, Tiago Loureiro trabalha há 19 anos no Centro Europeu de Operações Espaciais da ESA, na Alemanha, onde é feito o controlo dos engenhos em órbita – satélites, sondas, telescópios.

É neste centro que o português vai assumir pela primeira vez a responsabilidade de ser um dos diretores de voo, apesar de ser “a quarta vez” que se senta na sala de controlo para “lançar um novo satélite”, como contou à Lusa.

Tiago Loureiro vai “coordenar o turno que monitoriza a contagem final antes do lançamento” do telescópio e que “volta à sala de controlo dez horas após o lançamento para continuar as operações iniciais da vida da missão”.

Após o lançamento do telescópio, a participação do engenheiro aeroespacial na missão Euclid termina com o fim da etapa que visa garantir que o novo engenho no espaço “tem capacidade de gerar energia própria, de comunicar com a Terra e de manter sob controlo a sua órbita e altitude”.

O telescópio será depois colocado “a caminho do seu destino”, sendo feita a descontaminação dos instrumentos, que “consiste em aquecer as superfícies de forma controlada para libertar partículas depositadas nos elementos óticos, pois podem afetar a qualidade dos dados”, explicou.

Todos os procedimentos foram treinados durante três meses.

Na ESA há mais três engenheiros portugueses a trabalhar na missão Euclid.

Um deles, José Mendes, integra igualmente a equipa de controlo de voo no Centro Europeu de Operações Espaciais da ESA, sendo responsável pela “definição de muitos dos procedimentos” e da cronologia das operações.

Em outro local, no Centro Europeu de Investigação e Tecnologia Espacial, nos Países Baixos, trabalham Luís Campos, engenheiro de ‘software’ e operações, e Luís Venâncio, engenheiro ótico.

Sobre a missão Euclid, Tiago Loureiro diz que “trará enorme conhecimento sobre as galáxias”, uma vez que o telescópio “vai observar milhares de milhões de galáxias e fornecer dados para construir um mapa da sua distribuição e velocidade relativa”.

Observando as galáxias (parte da matéria visível) e os efeitos nelas gerados pela matéria escura e energia escura (ambas invisíveis) será possível, de acordo com Tiago Loureiro, saber mais sobre a natureza destes dois ingredientes misteriosos que compõem 95% do Universo.

“Para percebermos o nosso Universo temos que saber mais sobre estas duas entidades”, frisou.

O engenheiro aeroespacial destacou que a missão Euclid permitiu, na Europa, criar “uma grande quantidade de empregos qualificados em tecnologias de ponta” e mobilizar cientistas de universidades e institutos, esperando que “as pessoas, sobretudo as mais jovens, se sintam inspiradas pelos desafios da exploração espacial”.

“É uma parte fundamental para continuar a ter os jovens interessados em seguir uma formação nas áreas das ciências e engenharias, fundamentais para resolver os problemas na Terra”, defendeu Tiago Loureiro, que está também envolvido no controlo da missão robótica euro-americana que trará para o planeta na década de 2030 as primeiras amostras de rocha de Marte.

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