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Luxemburgo

“Quem ganhou na minha mesa foram os votos anulados”

© Luís Vieira Cruz / BOM DIA

Emmanuelle Afonso é luso-francesa, fundou o Observatório dos Lusodescendentes, é membro ativo da associação da diáspora Também Somos Portugueses e foi uma entre centenas de cidadãs e cidadãos a estar no Centro de Congressos de Lisboa para participar na contagem de votos dos últimos dois círculos eleitorais que faltam apurar nestas eleições Legislativas, o da Europa e o de Fora da Europa.

No final deste segundo dia, em que esteve afeta a uma das mesas destinadas a contabilizar os votos dos portugueses radicados no Luxemburgo, Emmanuelle Afonso fez um balanço que em nada contrasta com as tendências que se têm vindo a verificar nas outras mesas de contagem: foram 1 139 os votos que lhe passaram pelas mãos, sendo que desses apenas 698 contaram. Os restantes, poderá perguntar, seguiram diretamente para o cesto vermelho, equivalente ao “lixo”, destino dos votos anulados, a esmagadora maioria por falta de documento de identificação a acompanhá-lo.

Luís Vieira Cruz / BOM DIA

“Quem ganhou na minha mesa foram os votos anulados, só depois o Chega, o PS, a AD… E isso reforça a ideia de que tem que se arranjar uma forma justa de acesso ao voto para que os portugueses no estrangeiro sejam tratados de forma igual aos que estão em Portugal”, explicou.

Para Emmanuelle Afonso, mais do que nunca ficou provada a necessidade urgente do voto eletrónico: “Infelizmente com este processo moroso [de contagem dos votos por correspondência] é quase noite. Podia ser mais célere e não tão primitivo”.

Luís Vieira Cruz / BOM DIA

“Diz-se que quem vota, conta, e mais uma vez foi demonstrado que há maturidade democrática nas comunidades. Houve mais participação lá fora, tal como houve em Portugal. Agora, a acessibilidade ao voto não é a mesma. Enquanto não houver voto eletrónico, não haverá respeito pelo voto de quem está fora”, lamentou.

Outra das “queixas” da ativista foi direcionada ao folheto distribuído dentro dos envelopes enviados cá para fora: “é um folheto informativo mas muito pouco informativo. Pedem para colocar a cópia do documento de identificação mas não dizem qual é o documento de identificação. Graças a isso, temos recebido na maioria os documentos de identificação do país de acolhimento, bilhetes de identidade e cartão do cidadão, e o cartão do eleitor, que já não é válido. Quem pensa que votou corretamente mas que não enviou os documentos certos, vai ter o seu voto anulado”.

Luís Vieira Cruz / BOM DIA

Outro dos fatores que tem feito anular os votos prende-se com “a votação em família”, como diz, ilustrando exemplos práticos: “Votar em família pode originar anulações, isto porque, por exemplo, já recebemos envelopes com o nome do marido, mas a identificação que vem lá dentro é a da esposa e vice-versa. Por esse motivo, esses votos também são invalidados”, referiu.

Veja em baixo a entrevista completa.

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