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Portugal e Espanha celebram juntos a democracia

© Lusa

Portugal e Espanha vão celebrar o papel da cultura nos processos de transição para a democracia nos dois países com uma programação conjunta que se estenderá por mais de um ano, até setembro de 2025.

A programação conjunta “Portugal-Espanha: 50 anos de democracia” foi apresentada na quarta-feira à noite em Madrid pelos ministros da Cultura dos dois países, o português Pedro Adão e Silva e o espanhol Ernest Urtasun.

Entre as iniciativas já divulgadas está a exposição “O poder com que saltamos juntas. Mulheres artistas em Espanha e Portugal entre a ditadura e a democracia”, no Instituto Valenciano de Arte Moderna, com a colaboração da Fundação Calouste Gulbenkian (maio a setembro de 2024, em Valência).

Por outro lado, Madrid vai acolher, na Biblioteca Nacional de Espanha, de abril a novembro deste ano, um ciclo de conferências entre escritores e intelectuais dos dois países.

A Filmoteca Espanhola, em Madrid, vai exibir em abril e maio deste ano o ciclo “A constelação dos cravos. Imaginários revolucionários em Portugal”, com a colaboração da Cinemateca Portuguesa.

Na Torre do Tombo, em Lisboa, e no Arquivo Histórico Provincial de Salamanca vai estar patente, de setembro a dezembro, a exposição “Portugal e Espanha nas transições democráticas”.

Espanha será o país convidado do festival de cinema DocLisboa deste ano e Portugal terá o mesmo papel no Festival Eñe, de Madrid, em novembro.

A Torre do Tombo vai receber ainda uma conferência em setembro deste ano sobre o fim das ditaduras em Portugal, Espanha e Grécia.

“A meu ver, há poucas formas tão felizes de celebrar os 50 anos de democracia, que são 100, juntando os dois países, do que fazê-lo celebrando a cultura e a arte”, afirmou Pedro Adão e Silva, que destacou faltarem precisamente 50 dias para o 50.º aniversário do 25 de Abril.

O ministro português considerou que a democracia “permitiu novas visões” sobre as duas sociedades “e permitiu essencialmente que a arte tivesse uma dimensão não canónica”, começando então “a romper e a sair daqueles que eram os cânones dominantes”.

O ministro referiu em concreto a arte contemporânea, lembrando que decorre por estes dias em Madrid a Feira de Arte Contemporânea ARCOmadrid, a maior da Península Ibérica, onde participam 16 galerias portuguesas.

“A arte contemporânea é um retrato preciso, exato, daquilo que são os nossos países hoje”, afirmou Adão e Silva, acrescentando: “A sociedade portuguesa é uma sociedade muito mais diversa e muito mais plural e por isso muito mais rica do que era há 50 anos. E a arte contemporânea tem essa capacidade única de dar voz e dar espaço e retratar essa diversidade, essa pluralidade e essa riqueza”.

O ministro espanhol, Ernest Urtasun, afirmou que “não há democracia sem cultura” e isso é algo que “sabem bem” Portugal e Espanha.

“Uma cultura livre para contar, criar, partilhar, porque cultura e democracia são troncos da mesma raiz”, acrescentou, antes de considerar que “esse é um dos grandes ensinamentos do 25 de Abril” português de 1974.

“A lição que então nos deu o povo português continua hoje intacta. Essa grande lição sobrepôs-se e sobrepõe-se todos dos dias ao desencanto, aos sacríficos e às ameaças do totalitarismo e ao medo. Ergue-se face à guerra e às injustiças, sempre em defesa das liberdades”, afirmou Urtasun, que terminou a intervenção com a frase “viva o 25 de abril, viva a amizade hispano-portuguesa”.

Pedro Adão e Silva e Ernest Urtasun falavam na residência oficial do embaixador de Portugal em Espanha, onde também visitaram e inauguraram uma exposição com obras de 16 mulheres artistas do Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian (CAM).

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