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Há tempos

Há tempos pensei em visitar-te mas desconheço se ainda vives naquele prédio grande que tinha uma varanda estreita. Entardecia o olhar com uma cor de canela e umas escadas de mármore frio. Dentro da tua casa havia um gato e um cheiro estranho entre ti e o mundo dos cheiros de quem se move lentamente. Já não eras novo,mas teimavas em afirmar que ainda irias ter uma casinha pequena junto ao mar, onde eu descobriria o cheiro entre ti e a saliva das sereias. Portanto, não sei se ainda vives naquele prédio grande numa rua vulgar, se já estás em alguma casinha de paredes caiadas de maresia. Não sei onde te procurar. Doem-me os olhos de pensar a internet em tua busca e os nossos amigos comuns desconhecem teu paradeiro. O que é estranho. Lembro-me também de me teres dito que quando fechasse a porta da tua casa ainda no prédio, eu fecharia a tua memória em cadeado mestiço. Eu sei. Assim uma mistura entre saudade e culpa. Mas não tinhas razão. Só sinto uma ligeira saudade ou falta, nem sei bem.

Pensei em visitar-te. Desconhecer onde andas faz-me impressão, como se nunca tivesse fechado a porta, a deixasse encostada esperando regresso breve. Talvez tu saibas de mim. Me espreites no vão de uma escada, no parapeito de uma janela, num miradouro delineado pela cor do horizonte, entre o branco do nosso cabelo e o sorriso único que ambos convergíamos. Se souberes de mim, visita-me. Não sei se matarei a saudade. Mas talvez feche a porta ou tu a deixes de novo aberta.

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