As autoridades russas negaram, pelo terceiro dia, o acesso da família ao corpo de Alexei Navalny, principal opositor do regime russo, que morreu na sexta-feira numa prisão do Ártico.
A mãe de Alexei e os seus advogados chegaram à morgue esta manhã. Não foram autorizados a entrar. Um dos advogados foi literalmente empurrado para fora. Quando perguntaram à equipa se o ‘corpo de Alexei estava lá, ele não respondeu’, disse a porta-voz de Navalny, Kira Iarmich, nas redes sociais.
O opositor russo e adversário número um do Presidente Vladimir Putin morreu sexta-feira aos 47 anos na prisão do Ártico, na região de Yamal, onde cumpria uma pena de 19 anos.
A sua mãe, Lyoudmila Navalnaïa, foi para esta remota colónia penal no sábado, com um advogado.
A família e outras pessoas próximas de Alexei Navalny acusaram as autoridades russas de tentarem “apagar o rasto” dos “assassinos” ao recusarem entregar o corpo do opositor russo.
A notícia da morte repercutiu-se em todo o mundo e, ainda na sexta-feira e no fim de semana centenas de pessoas em dezenas de cidades russas acorreram com flores e velas a memoriais e monumentos improvisados em homenagem às vítimas da repressão política. Muitas dessas pessoas foram detidas.
O serviço penitenciário federal da Rússia indicou que Navalny sentiu-se mal depois de uma caminhada e perdeu a consciência.
Navalny estava preso desde janeiro de 2021, quando regressou a Moscovo após ter recuperado na Alemanha do envenenamento por um agente nervoso, que atribuiu ao Kremlin.
Recebeu três penas de prisão desde a sua detenção, por uma série de acusações que rejeitou, considerando que na realidade tinham motivações políticas.
Após o último veredicto, que lhe aplicou uma pena de 19 anos, Navalny disse que compreendia que estava “a cumprir uma pena de prisão perpétua”, que se media pela duração da sua vida ou pela duração da vida do regime.
Vladimir Putin não fez comentários sobre a morte de Alexeï Navalny, que ocorre um mês antes das eleições presidenciais, que deverão levar o presidente russo a permanecer no poder por um novo mandato de seis anos.