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Dia dos Namorados

Ela não irá estar com ele no dia em que os homens convencionaram que o cupido era exclusivo festejo dos namorados. Não estará com ele contando os corações vermelhos num ramo de flores, nem dentro de um quarto onde se mergulha o rubor dos morangos no chocolate aquecido e se entorna em copos altos, espumante de segunda categoria.

Ela não estará com ele em jantar mais aproado onde a musica suave de um violino prende à chama de uma vela em castiçal de vidro, nem receberá das suas mãos uma qualquer prenda ou depositará uma entre os dedos dele.

Ela não precisará de se levantar do sofá onde estará encafuada entre manta a imitar pelo de um dálmata e as pantufas enormes com orelhas de coelho maltratado pelas intempéries castas de um qualquer vale, para se vestir com roupa nova e pintar-se com o cuidado de quem se quer bonita. Estará frente à televisão,encolhida em si mesma, lamentando a má sorte de ter um destino que não casou com o dele .

Estará a ver um filme dos anos 40 ou 50 a preto e branco, invejando as ondas perfeitas do cabelo das atrizes ou aqueles vestidos compridos e deliciosos cheios de glamour dançantes ao movimento da câmara. Enroscada em si, sem ter gasto um cêntimo com os comerciantes que enfeitam as montras, sem o ter levado a gastar tempo em busca de algo que saberia agradar-lhe.

Ela sabe que é um erro pensar que há dias de amor em calendários forjados por interesses. Todos os dias são velejados ao ritmo do que se deseja e não há dias para os comemorar. Mas…uma coisa é o que se diz, outra o que se sente e nem sempre se diz o que se sente e nem sempre se sente o que se diz.

Logo a seguir ao filme ela tentará comer qualquer coisa que não lhe faça doer o estômago vazio de jantares à luz da vela, nem lhe provoque maior despertar, porque a alma pede o sono e o corpo o arrastar.

Ela não vai estar com ele nesse dia que todos criticam por ser dia de gastos mas que os que amam e não amam tanto assim, gostam de festejar. Porque sim. Ela nem isso. O porque sim dorme aos seus pés , tem nome de cão e olhos de companheiro eterno. Chegar-se-á a ele e ele à manta com desenho de dálmata, aquecerão o ambiente com juras silenciosas de companheirismo e mandarão a noite às urtigas.

Convocará a lembrança dele e morrerá para a nostalgia. Não irá estar com ele entre beijos, saltos altos e perfumes. Mas sabe que ele estará com ela no pensamento e isso irá dar-lhe a força para me enroscar no sofá como se me enroscasse nele, para ver um filme de amor como se fossem eles a realizá-lo, para jantar qualquer coisa como se fosse um manjar no melhor restaurante, para o sentir bem para além de qualquer dia de um calendário onde os homens decidiram rotular o amor.

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