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Liz Truss: críticas aumentam

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Um deputado conservador veterano, Crispin Blunt, tornou-se hoje o primeiro a pedir publicamente a demissão da primeira-ministra britânica, Liz Truss, mas a rebelião interna contra a líder já envolve dezenas, de acordo com a imprensa local.

“O jogo acabou para ela. Agora é sobre [decidir] como a sua sucessão é gerida”, disse Blunt em declarações avançadas pela televisão “Channel 4”, parte de uma entrevista que será transmitida esta noite.

Na entrevista, afirmou que “se houver uma opinião alargada dentro do grupo parlamentar de que deve haver um substituto, isso será feito”.

O deputado referiu que não sabe como será levado a cabo ou por que mecanismo Truss poderá ser afastada de Downing Street, a residência oficial e gabinete dos chefes de Governo no Reino Unido, mas reiterou que, se for esse o desejo do partido, é algo que vai acontecer de qualquer maneira.

O jornal “The Guardian” noticiou que os líderes conservadores vão reunir-se na segunda-feira para abordar uma “missão de resgate” que implicaria a saída de Truss, depois de o seu novo ministro das Finanças, Jeremy Hunt, ter chumbado a redução de impostos que a primeira-ministra tinha tornado no eixo do seu mandato.

Entre os nomes que já estão a ser considerados para lhe suceder estão os do antigo ministro das Finanças, Rishi Sunak, derrotado por Truss nas primárias conservadoras deste verão, ou o atual chefe da Defesa, Ben Wallace.

A primeira-ministra tem multiplicado contactos e reuniões de trabalho na tentativa de se salvar no cargo e hoje mesmo convocou uma reunião de crise na sua residência com o seu novo ministro das Finanças, nomeado sexta-feira após a demissão de Kwasi Kwarteng, para preparar um novo plano orçamental.

Jeremy Hunt foi nomeado ministro das Finanças do governo britânico, sucedendo a Kwasi Kwarteng, afastado inesperadamente após apenas 38 dias no cargo.

A nomeação de Hunt foi vista por comentadores políticos como uma forma de a líder dos ‘tories’ apaziguar os mercados financeiros e a ala centrista do partido, origem de grande parte das críticas internas dos últimos dias à estratégia económica do executivo.

A crise política, pouco mais de um mês após a entrada em funções do atual Governo, foi provocada por repercussões do chamado “Plano de Crescimento”, apresentado em 23 de setembro por Kwarteng no parlamento. 

O plano cumpria alguns cortes fiscais prometidos por Truss durante a campanha eleitoral para a liderança dos ‘tories’, juntamente com medidas para congelar os preços da energia, mas a falta de medidas para equilibrar as contas públicas foi mal recebida pelos mercados financeiros. 

Nos dias seguintes, a libra desvalorizou acentuadamente e os juros sobre a dívida britânica subiram, bem como as taxas de juro para o crédito à habitação.

O Banco de Inglaterra foi forçado a intervir no mercado obrigacionista, o que ajudou a estabilizar a libra e a dívida, mas o plano do governo britânico foi criticado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) devido ao risco de agravar a inflação, e as agências Fitch e Standard and Poor’s reduziram de estável para negativo o ‘rating’ do Reino Unido. 

O então ministro das Finanças já tinha sido obrigado a antecipar a apresentação do “plano fiscal a médio prazo”, de 23 de novembro para 31 de outubro. 

Porém, vários deputados do Partido Conservador continuaram a pressionar para que fossem anunciadas medidas mais cedo para estabilizar a economia e travar a perda de popularidade nas sondagens. 

Algumas sondagens recentes apontam para uma vantagem do Partido Trabalhista sobre os conservadores superior a 25 pontos percentuais. 

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