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Inaugurada obra de arte que Portugal ofereceu à UNESCO

© Maria Miguel Cunha / BOM DIA

“SUBSTRATUM – Scratching the Surface”: é este o nome da mais recente obra do artista português Vhils, oferecida por Portugal à organização UNESCO, em Paris. O evento inaugural deu-se esta quarta-feira, na sede da mesma organização, e contou com a presença do primeiro-ministro de Portugal, António Costa, que enfatizou a importância da língua portuguesa “à escala mundial”.

Um mural com 31 metros de comprimento esculpido à mão numa das paredes exteriores do edifício da sede da UNESCO, em Paris. Chama-se “SUBSTRATUM” e é a mais recente obra de Vhils, artista de arte urbana português. A obra foi inaugurada na passada quarta-feira, nesse mesmo local, e contou com a presença do artista, da diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, e do primeiro-ministro de Portugal, António Costa.

Oferecida à UNESCO pelo governo português em homenagem à sua missão de proteção do património cultural mundial, o gigante mural retrata alguns dos lugares mais icónicos protegidos pela organização, assim como o rosto de uma das suas figuras tutelares, Ellen Wilkinson, política e ativista feminista britânica, que foi a presidente da conferência inaugural da organização, em novembro de 1945.

Maria Miguel Cunha / BOM DIA

Ainda que nenhum dos lugares classificados pela UNESCO em Portugal estejam representados nesta obra, no seu discurso inaugural, António Costa sublinha “a presença da lusofonia com a representação da catedral de Brasília que, com o Brasil, nos representa a todos. Talvez porque é o Brasil o país onde há mais falantes da língua portuguesa”, acrescenta.

A ideia inicial deste projeto remonta a uma visita oficial do primeiro-ministro à sede da UNESCO, em novembro de 2019, sendo que a obra já se encontrava em projeção há cerca de cinco anos por Vhils, a convite do governo luso. Porém, entre o início do processo de criação e o aparecimento do novo coronavírus no final do mesmo ano, o processo de construção ou, neste caso, desconstrução da mesma, apenas teve as condições necessárias para se iniciar em maio do presente ano.

Segundo a UNESCO, a obra tem sido “pacientemente esculpida com escopro e martelo perfurador em miniatura desde o início de maio” pelo artista. Quando questionado em relação ao título da obra, “SUBSTRATUM”, Vhils esclarece que este vem da ideia de “ir ao ‘osso’, ir à ‘víscera’, e com isso trazer uma história que ficou entre linhas, a de Ellen Wilkinson, que foi alguém que iniciou todo este processo que acabou na formação da UNESCO e que, infelizmente, não conseguiu viver para ver, mas cujos valores estavam lá desde o início”, explica em entrevista ao BOM DIA.

Esta é a primeira obra de arte urbana residente na sede da UNESCO em Paris, que conta já com uma vasta coleção artística, desde Picasso a Henry Moore, autor da estátua que agora se encontra em oposição ao mural do artista português, no pátio exterior da sede da organização. “Sendo um artista que vem do espaço público, é para mim uma honra e espero que se abra portas para mais artistas“, explica Vhils.

Quando questionado sobre o significado deste marco para a herança cultural portuguesa pelo mundo, o artista enfatiza que “sem Portugal, e sem a particularidade das paredes de Portugal e a história que tem com os murais, com o azulejo, e com a cultura visual que existe em Portugal, muito dificilmente teria chegado ao meu trabalho”.

Maria Miguel Cunha / BOM DIA

Ainda assim, sublinha o papel fundamental que a diversidade que pode vivenciar enquanto crescia no Seixal, a sua terra-natal, teve na sua visão enquanto artista, encontrando-se presente em todas as suas obras. Por essa razão, procura também trazer “um olhar contemporâneo, e um redescobrir, se calhar, para uma nova geração, da impotência que estas instituições têm para o mantimento da paz e da prosperidade no mundo, que foi aquilo que nos deram durante 70 anos” com esta obra esculpida na UNESCO.

Segundo avançou o primeiro-ministro português ao nosso jornal, a inauguração da obra no presente mês vem somar-lhe ainda um “duplo objetivo: celebrar os 75 anos da UNESCO e o 50º aniversário da convenção do património mundial”, adotado em 1972 por esta instituição, e que estabeleceu a sua missão de proteger os bens patrimoniais dotados de um valor universal excecional.

Veja aqui o momento da inauguração.

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