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Candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura

Dezassete dos 26 concelhos da Rede Cultura 2027, que trabalha para Leiria ser Capital Europeia da Cultura em 2027, foram visitados pelos responsáveis da candidatura nas últimas semanas, naquele que é descrito como um movimento “transformador”.

O coordenador da Rede Cultura 2027, Paulo Lameiro, tem reunido com agentes da cultura dos municípios que se associaram ao projeto, “de Castanheira de Pera a Arruda dos Vinhos, da Nazaré a Tomar”, concelhos de diferente dimensão e dinâmica, onde tanto vivem dois mil como 50 mil habitantes.

“A primeira surpresa que tivemos foi que apareceram muitos agentes, mais do que o que se esperava”, explicou Paulo Lameiro à agência Lusa.

Mesmo em locais como Alvaiázere ou Sobral de Monte Agraço, “a mais de 100 quilómetros de Leiria”, a afluência foi elevada nestes encontros, onde os envolvidos na cultura são convidados a partilhar ideias.

“Nunca uma diversidade tão grande de agentes se tinha sentado na mesma sala a falar”, frisa Paulo Lameiro.

Habitualmente, “os ranchos e música tradicional estão claramente circunscritos, tal como os festivais, as escolas de ensino artístico, as artes plásticas, os museus e as galerias. Aqui, falam todos em conjunto, e também convidámos os agentes comerciais, empresas e projetos que têm atividade na área da cultura. E, esses, de todo alguma vez se tinham sentado à mesa com municípios”, afirma.

Esse movimento é classificado por Paulo Lameiro como “transformador” e “energizador”, porque junta “um painel que pela primeira vez se ouviu”.

“Em cada reunião peço para levantar o braço quem conhece todas as pessoas presentes. E nunca ninguém levantou o braço, nem o vereador da Cultura. As pessoas não se conhecem, não trabalham em conjunto, não têm projetos”.

A Rede Cultura 2027 tem incentivado ainda a constituição de conselhos municipais de cultura.

“Se tudo terminasse hoje, já há pelo menos 17 conselhos municipais de cultura constituídos ou em constituição”.

Neste exercício, a Rede procura “conhecer o pulsar do território”, preparando os eixos de programação a definir até ao final de 2020, segundo as mais-valias e vontades dos agentes de cada município.

“Isto são várias regiões de turismo, vários distritos, várias CIM [comunidades intermunicipais], várias dioceses, várias CCDR [comissões de coordenação e desenvolvimento regional]. O exercício de criar esta rede teve de partir do pressuposto que há um interesse comum”.

Da ação da candidatura de Leiria a Capital Europeia emerge “uma rede de necessidades, de encontros que apetece fazer” depois de, no início, ter parecido “inimaginável tecer e cerzir este território”.

Agora, a cada reunião, cresce a expectativa.

“Demo-nos conta de que a Rede poderia efetivamente ambicionar ao título [de Capital Europeia da Cultura 2027]. Alguns de nós estamos mais estimulados pelo título, outros estamos verdadeiramente apaixonados pelo processo. As duas realidades vão-se consubstanciando”.

Os avanços acontecem também entre o poder político, que “não tem na cultura uma prática reflexiva comum, global e aprofundada”.

“Mas o facto de isto ser para 2027 e de os ciclos eleitorais se apagarem um pouco neste processo, fez perceber que este é um processo transversal, que não depende de uma eleição e é para algo maior. Esse foi o sinal de que tudo isto pode mesmo caminhar de forma substantiva”, destaca Paulo Lameiro.

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