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Um homem comum

Vive a teu lado, na mesma rua
no mesmo bairro, na mesma cidade
anda tanta vez azul,
não vive em Marte,
vive em S. Pedro do Sul.

Passa por ti a toda a hora,
Toma a bica no tropical,
vai depois ao Solar da Lapa,
traz pão dessa padaria.

É pai de crianças, canta e assobia,
é rei da samarra, rei da cerveja,
tem hálito podre, só cheira a cerveja,
sua mulher que é tagarela,
manda-o para o diabo,
cheira muito mal quando beija.

Tem o fígado inflamado,
esta amanha foi ao centro de saúde ,
o médico mandou-lhe fazer análises,
que por acaso acusaram uma cirrose,
ele não sabe o que isso é, e bebe outra dose.

Vai a todos os funerais e tem a virtude
de cantar no jardim e nos arraiais,
umas vezes dorme em casa,
outras noites dorme nas bermas,
com um grão na asa, vai falando á lua.

É um homem comum,
mas não aceita conselhos,
nem de novos nem de velhos.
Esta manha quando atravessava a rua,
mas sem respeitar o sinal
ia bastante descontraído,
veio um condutor alcoolizado
foi um atropelamento fatal,
como tantos outros em Portugal!
Era um homem comum.
A notícia de sua morte não saiu nos jornais.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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