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Carta aberta ao Governo Português

Na sequência da encontro tido no passado dia 25 de Maio de 2017, no Instituto Camões do Luxemburgo, na presença de vários membros do governo, venho pela presente reafirmar a nossa convicção sobre a necessidade de prosseguir o diálogo entre a OGBL e o Governo português sobre vários assuntos que consideramos importantes e prioritários para os portugueses residentes no Luxemburgo.

Estes assuntos são:

– A formação profissional dos desempregados portugueses com vista à sua reconversão;

– A formação profissional contínua;

– A celebração do 20° aniversário do acordo entre Portugal e o Luxemburgo em matéria do reconhecimento do estatuto de invalidez entre os 2 países;

– Proposta de acordo em matéria de seguro-dependência (assurance-dependance)

– O problema da dupla tributação e da necessidade de informar os portugueses que regressam a Portugal;

– O ensino da língua portuguesa no Luxemburgo.

 

A Formação Profissional:

 A formação profissional dos desempregados portugueses com vista à sua reconversão

A taxa de portugueses inscritos no desemprego (+35%) é bem superior à sua presença na população ativa (-25%)

É necessário desenvolver um processo de formação profissional para os desempregados que têm dificuldades linguísticas e cujo nível escolar é baixo.

Esta formação tem que ser adaptada  à condição dos desempregados. Formação profissional em língua portuguesa com a aprendizagem de uma das línguas oficiais do Luxemburgo.

A formação profissional contínua

A formação profissional contínua é um direito, mas nem sempre é aceite pelas entidades patronais e existem enormes dificuldades para se ter acesso a essa formação, em particular no sector da construção civil, e, nomeadamente, ao IFSB-Instituto de Formação Profissional da Construção.

Neste sector, onde trabalha a maioria dos portugueses, o acesso à formação é condicionado a uma prova de acesso que é feita numa língua que os portugueses não dominam, na sua escrita. Nas provas de avaliação coloca-se a mesma dificuldade. As pessoas conhecem a sua profissão, mas não o podem ou não sabem exprimir por escrito.

Consideramos que estas provas de acesso e de avaliação poderiam ser traduzidas e as pessoas fariam estas provas na língua do seu conhecimento escrito.

A dupla tributação

Um das questões mais recorrentes no seio da comunidade portuguesa, tem que ver com o problema da dupla tributação.

Para os portugueses reformados, e outros, que pretendem regressar de modo definitivo a Portugal, a questão da dupla-tributação constitui um travão cada vez mais forte.

Com a entrada em vigor, em 2009, da Lei sobre o “vistos GOLD” existe a possibilidade, também, para os emigrantes portugueses pedirem a isenção da dupla tributação durante 10 anos.

Mesmo se esta situação não é satisfatória, ela não é conhecida dos portugueses que regressam a Portugal e, portanto, não são beneficiários.

Nós propomos que sejam organizadas conferências de informação, editados boletins de informação para permitir aos portugueses que assim o entendam beneficiar das condições desta Lei que impõe que a pessoa se declare e solicite junte da Repartição de Finanças o benefício das disposições desta Lei.

A celebração do 20° aniversário do acordo entre Portugal e o Luxemburgo em matéria do reconhecimento do estatuto de invalidez

Em 1997, foi assinado um acordo sobre o reconhecimento da invalidez entre Portugal e o Luxemburgo. Este acordo, que é único em toda a Europa, permitiu resolver milhares de situações de compatriotas nossos

Este ano celebram-se 20 anos da assinatura desse acordo que constitui um passo importante naquilo que hoje se designa como a dimensão social da Europa.

Não são palavras vãs, não são promessas, faz parte do quotidiano das pessoas que exercem o seu direito à Livre Circulação no seio da União Europeia.

Por outro lado, pensamos que é chegada a altura de fazer um balanço da aplicação do Acordo de Segurança Social entre o Luxemburgo e Portugal sobre o reconhecimento do estado de invalidez, assinado em 1997.

A OGBL, primeira e mais importante organização sindical do Luxemburgo, gostaria de realizar durante o ano de 2017, em Outubro ou Novembro,  uma cerimónia que deverá contar com os principais intervenientes e com os responsáveis dessa área atualmente em funções.

Alargar o acordo de segurança social e integrar o seguro dependência

Pensamos que é tempo de analisar e tratar a questão dos portugueses e/ou luxemburgueses que escolhem Portugal para residir e que deveriam poder aceder ao mecanismo da Seguro-dependência. Em lares da 3 idade, Centros de saúde para pessoas dependentes, que sistemas de proteção existem em Portugal e no Luxemburgo para proteger as pessoas em situação de dependência?

Como criar sinergias, como financiar estas situações? O Luxemburgo dispõe de uma ramo da segurança social que se aplica a estas situações, como fazer beneficiar aqueles que residem, ou vão residir em Portugal e que cotizaram para este seguro?

O ensino da língua portuguesa no Luxemburgo

O acordo estabelecido há pouco mais de dois meses é tido por um retrocesso no ensino da língua portuguesa.

Abandonar ou descaracterizar o ensino integrado é vivido como um processo retrógrado.

A diminuição do número de alunos portugueses que frequentam os cursos (tanto integrados como paralelos) é a prova de que, desde há uma dezena de anos, o ensino de português recua.

Um outro aspeto é a diminuição drástica do numero de professores (-50% em 10 anos).

Isto será tudo, menos a promoção da língua e da cultura portuguesas.

Um acordo em termos de ensino e promoção da língua exige uma maior coordenação dos atores neste domínio: Professores, alunos, pais, sindicatos e autoridades.

Eduardo Dias

Secretário sindical

Departamento dos Imigrantes

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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