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A Europa e o seu declínio

Só os inconscientes não percebem qual a terrível maleita que está a minar a Europa e que acabará por inevitavelmente a destruir. Fala-se nos interesses europeus e no Espírito Europeu e nos Cidadãos Europeus, mas ninguém sabe ao certo o que isso é.

Antes demais, recordamos que Jean Monet, perante o descalabro da Europa, ocasionada pela a guerra de 1939-46, sonhava com a integração de todos os Estados Europeus numa Comunidade Europeia. Robert Schuman utilizou então, como rampa de lançamento dessa Europa Unida, a recuperação da economia então completamente esfrangalhada pela Segunda Grande Guerra Mundial.

Assim, fomentou a criação, em 1952, da Comunidade do Carvão e do Aço (CECA), agrupando nesse projecto europeu uma série de países, França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, e Luxemburgo. Para o estabelecimento de uma gerência supra nacional, foram transferidos, para os órgãos europeus que naturalmente foram criados, poderes de soberania cedidos por cada estado. O seu sucesso fez alargar o âmbito do existente projecto a outros campos económicos e, paulatinamente, foram entrando na comunidade muitos outros Estados Europeus.

Em 1981, a Grécia, em 1986 aderem à CEE Portugal e Espanha, Em 1995 a Áustria, a Finlândia e a Suécia e em 2004 a Rep. Checa, a República Eslovaca, Malta, Chipre, Letónia, Estónia, Lituânia, Hungria, Polónia e Eslovénia.

Devo referir que a instituição da Comunidade Económica Europeia foi feita em 1957, pelo Tratado de Roma. Durante o desenrolar do século passado, os êxitos económicos da CEE, foram sedimentados por um espírito e uma cultura comuns, partilhados por todos os países membros, que esperavam dessa forma a paz firme para todos e um significativo desenvolvimento comunitário.

Na altura, os responsáveis de todos os Estados Europeus, como Adenauer, procuravam criar um manancial de princípios fundamentados na herança cultural e no que havia de comum na história de cada país.

Pois bem, actualmente, cada país da União Europeia e os seus cidadãos sentem-se uns estrangeiros perante a Europa que os responsáveis lhes exibem.

Qual as razões dessa triste realidade?. Falta à Europa Alma e Identidade, como refere o escritor italiano Marcello Pêra, no seu último livro.”Porque devemos chamar-nos cristãos”, livro que mereceu um prefácio de Bento XVI. Na realidade, devemos partir de uma identidade sentida por todos os cidadãos europeus, seja qual for a sua nacionalidade, para chegarmos a uma Constituição Europeia e não o contrário, como erradamente se tem tentado fazer.

Assim, teremos que descobrir o que nos une, isto é, a Alma Europeia e só através dela acontecerá a verdadeira unificação. A presente Carta Europeia transcende, ultrapassa a Europa, é uma carta do nada,
cosmopolita, que saltou da Europa para se tornar num instrumento universal, sem cor e sem espírito, isto é os responsáveis da Constituição Europeia abandonaram a Europa para entrar no puro Cosmopolitismo. E a Europa que vá às malvas!

Pois. os Europeus, a quem a Carta Europeia devia ser dirigida, não são tratados como Europeus. Os destinatários dela não podem ser os europeus, nem pouco mais ou menos.

Na realidade, há uma abissal diferença entre a Europa e o Espaço Comum nela criado. Perguntar-me ão então, qual o motivo desta discrepância entre a verdadeira Europa e tal Espaço Comum? E a razão é muito
simples: – Uma Carta Europeia, destinada aos Europeus, não pode limitar-se e esgotar-se num simples Espaço Jurídico, numa espécie de aglomerado de princípios jurídicos com quem os europeus, apesar de com eles se identificarem, motivação alguma recebem para intrinsecamente se unirem à volta de objectivos comuns.

Essa é que é a realidade. Perante essa construção, estamos perante uma Europa abstracta, invisível, inodora, asséptica, aparentemente composta de indivíduos abstractos. Ora, os Europeus, com todos os seus defeitos e virtudes, não são meras figuras abstractas, são pessoas concretas, com alma e em cujos corpos corre, pelas respectivas veias, verdadeiro sangue.

Como poderá então haver união entre esta espécie de zombies, em que a Carta Europeia nos pretende transformar? Como poderá haver um mínimo de patriotismo europeu que una todos os cidadãos da Europa num objectivo comum? E respondem prontamente os intelectuais, limitados pelo fatalismo laicista e pelo seu snobismo positivista “demodé” que não os deixa ver um palmo à frente do nariz: – Não é necessário um Patriotismo Europeu, basta que se crie um Patriotismo Constitucional e os cidadãos de todos os países cerram fileiras para lutar pelos valores comuns incluídos nessa Constituição Europeia.

Claro que perante o Patriotismo Constitucional pretendido pelas Cartas Europeias, os Europeus fazem aos objectivos comuns e aos burocratas que governam a Europa e que a têm andado a tramar com os seus dogmas “contra natura” as conhecidas Armas de S. Francisco, isto é, um valente e significativo manguito. Esqueceram-se ou não querem admitir que o conceito de pessoa é um conceito pré-político, de natureza
ético-religiosa, é um conceito cristão que todos os europeus, cristãos ou não, crentes ou não crentes, sentem como fazendo parte da sua identidade, isto é, da sua Alma, da cultura que lhe foi plasmada ao
longo de gerações. E o mal actual não fica por aqui. A Europa entrará no perfeito descalabro, se mantivermos o mesmo caminho!

Será oportuno fazer um esclarecimento acerca da nossa vizinhança muçulmana, referindo as dificuldades que o seu culto tem sofrido para evoluir, pois há uma completa identidade da religião com o poder temporal, isto é, não há uma separação da Igreja e do Estado, como em muitos países do mundo e até do mundo muçulmano.

Nestes termos, os possíveis debates são sempre travados dentro das mesquitas e das escolas religiosas. À menor discrepância, ficam os que levantam a mínima dúvida em grave perigo de cometerem uma heresia e
pagarem com a vida tal atrevimento. Deste modo a religião muçulmana, em determinados sectores, não tem possibilidade de evoluir, como aconteceu outrora com a religião cristã.

Estacionou em plena Idade Média Só nos países com instituições democráticas e com a separação da Igreja do Estado, a política constitui um veículo eficiente para promover modificações religiosas, como foi na Europa em relação à Inquisição e como foi na Turquia com Mustafá Kemal, conhecido por Ataturk, o Pai dos Turcos, que em 1923 estabeleceu um estado laico, democrático, o que possibilitou a liberdade de expressão e críticas de todo o género, incluindo em matéria religiosa. Mas o que se passa na Turquia não é moeda corrente em muitos países seguidores do Alcorão Ainda por cima, existe um ónus histórico para agravar a situação, como consequência da não separação do Poder Religioso e do Poder Temporal.

No início do Séc. XII, foi iniciada uma luta acesa, no interior do Islão, entre duas correntes muçulmanas sobre a posição do Homem perante os Textos Sagrados. Na altura, foi levantada a seguinte questão por parte das elites intelectuais: – Devem os Textos Sagrados ser interpretados literalmente ou será possível sobre eles fazer uma reflexão individual para encontrar novas respostas, ou melhor significações alegóricas necessariamente diferentes da interpretação fria e literal dos textos. Uma das facções, a Sunita, defendeu que o Corão só permitia uma interpretação literal e que a reflexão individual de cada crente para encontrar significações para além da letra dos textos sagrados iria causar o desrespeito pela lei de Maomé.
Já os Chiitas aceitavam que o Corão tolerava uma interpretação simbólica ou alegórica que o crente devia tentar descobrir com a ajuda de um guia culto, de um mestre ou de um sábio que o orientasse.

No fundo, a alternativa entre as duas posições seria entre um Islão, simples ordem teocrática sem espiritualidade, como pretendiam os Sunitas, ou existir uma religião espiritual independente da mesma
ordem social, como pretendiam os Chiitas. Resumindo, os Chiitas defendiam a separação da Igreja e do Estado e os Sunitas não. Esse confronto espiritual descambou num confronto político armado que os
Sunitas venceram, através de um prolongado banho de sangue, por todos os territórios onde imperava a Lei de Maomé.

Assim, a facção sunita, através dessa interpretação estática e literal dos preceitos religiosos, tem acabado por deturpar a religião de Maomé, pois, perante os casos omissos, como está agarrada à letra limitativa da lei, recorre aos “Sunanah”, exemplos práticos que Maomé dava para a resolução de casos concretos, não previstos pela legislação em matéria de religião, e que, fora de contexto, continuaram a ser seguidos rigorosamente e sem sentido crítico, através dos tempos, não sendo permitida a modificação e evolução
desses princípios perante o desenrolar da vida social e dos novos valores que vão despontando.

Suponham agora que a Igreja de Roma continuava a usar exemplos do Velho Testamento, na altura formulados numa linguagem adaptada aos usos, costumes e valores das comunidades existentes nas remotas eras anteriores ao nascimento de Jesus Cristo! Como reagiriam os crentes cristãos do Séc. XXI? Seria certamente um desastre completo.

Com este comportamento, o mundo árabe, muito mais progressivo e civilizado do que o mundo europeu, parou no tempo e o progresso, como é óbvio, enquistou no conservadorismo e num dogma global. Essa a razão por que as suas colectividades continuam em Plena Idade Média. E, claro está, que o vertente problema está a transbordar para a Europa, devido à invasão feita por imigrantes muçulmanos, muitas vezes manipulados por extremistas que, mal colocam um pé no território europeu, fazem exigências de toda a ordem, sem respeito algum pelos valores dos europeus.

Na verdade, exigem transplantar para a Europa os seus hábitos e a sua crença e o seu extremismo religioso, aconteça o que acontecer e não olhando a meios. Ameaçando mesmo dominar toda a Europa e proclamando descaradamente que voltarão à Península Ibérica para retomar o território que ocuparam, após derrotarem os exércitos do reino cristão visigótico. Nem mais!

Ora, quando esses imigrantes chegam à Europa pretendem nela ser integrados e nela trabalhar ou apenas terem uma cobertura social sem nada ou pouco fazerem. Muito bem, mas esse é outro problema.

O problema fundamental reside nas populações europeias que sempre viveram em cada País, à sua maneira e credo, e que vão aceitar integrar os recém chegados. Exemplificando, além dos muçulmanos que
vêm para Portugal, existem os Portugueses que construíram com sangue suor e lágrimas a história do seu País. O mesmo se passa nos outros países europeus. Assim, para uma integração perfeita, é essencial que
os indivíduos que vão ser integrados conheçam perfeitamente os valores imanentes na comunidade onde se vão inserir.

Só assim poderá haver uma coexistência harmónica entre os nacionais e os imigrantes. Para tal, a Europa tem que definir a sua própria cultura, quais os valores fundamentais onde a nossa cultura assenta. E não podemos ter medo de afirmar abertamente os nossos valores ou de recear que os que chegam pensem que lhes estamos a comunicar que os nossos valores são melhores do que os seus. Naturalmente que os que
chegam dirão o mesmo em relação aos seus valores em comparação com os nossos, aliás, têm-no feito sem qualquer cerimónia.

Contudo, essa definição clara e preliminar de quais são os nossos valores e quais os que têm que ser obrigatoriamente respeitados, por quem pretenda ser integrado, é essencial à sobrevivência da Europa. Sabendo-se as regras do jogo, consegue-se a coexistência, através da exigência do respeito pelos nossos princípios e pelo nosso sistema jurídico por parte daqueles que pretendem viver num país europeu.

Atenção, reparem bem que não estou a dizer que a Europa deve exigir aos imigrantes a conversão religiosa, mas sim uma necessária e rigorosa conversão social.

E se começarem a despontar problemas, em cada País Europeu com a integração dos muçulmanos, como está a acontecer, é porque os seus responsáveis falharam essa conversão social e a transmissão clara dos nossos valores, no acto da integração. A falta de tacto com os problemas religiosos muçulmanos poderão originar situações que nos arrastem para uma guerra santa dentro do nosso País, com imprevisíveis e desastrosas consequências!

QUAL O ANTÍDOTO QUANTO AO EXTREMISMO DOS IMIGRANTES MUÇULMANOS?

Começarei por dizer, para retomar o fio à meada: Integrar não é hospedar ou agregar, é presumir que temos uma identidade europeia que tem que ser respeitada por quem quer ser integrado. Nestes termos,
voltando ao que já foi referido, os Países Europeus têm que transmitir aos imigrantes que pretendem ser integrados, quais os valores imanentes na comunidade europeia. Só com o seu claro conhecimento, os que chegam sabem a lei em que vão viver e que têm que respeitar independentemente dos hábitos e crenças dos seus países de origem…

Para isso, a Europa tem que debater os seus princípios morais e religiosos e não pode remeter-se ao laicismo, fazendo como o avestruz que enterra a cabeça na areia para não ver o que se passa à sua volta. Quer queiramos quer não, o que pauta a esmagadora maioria da população europeia é o direito tradicional cristão que se transformou em imperativos morais.

Caso contrário, a debilidade da identidade europeia, fruto do laicismo, e do preconceituoso camuflar pela negativa dos nossos princípios, funcionará deleteriamente para a Europa e para os imigrantes que nos batem à porta. A vontade de eliminar Deus de toda a Europa, para um religioso muçulmano de boa fé será mesmo uma ofensa e procurará preencher naturalmente o vazio, provocado pelos laicistas europeus com a limitação à exteriorização dos símbolos cristãos, com os seus próprios símbolos, como já está a acontecer.

E as exigências não param perante os intelectuais positivistas europeus que têm dominado a condução dos nossos destinos e que pensavam ingenuamente que se limpassem Deus da face da terra iriam suster a invasão agressiva da Europa por parte dos extremistas da Lei do Islão. Depois de definir os princípios que unem os Europeus e que são os cristãos, os muçulmanos que, nos países europeus, fiquem ofendidos nas suas convicções com a exibição dos símbolos cristãos e que apenas devem respeito aos seus próprios símbolos, devem regressar aos seus países de origem. Os cristãos, nos países muçulmanos, respeitam a religião local e até, na falta de uma igreja cristã, vão orar a uma mesquita, pois Deus é o mesmo. Pois, são os Imigrantes e não os Europeus que têm que se adaptar. Ou se adaptam ou vão-se embora.

Não devemos estar preocupados com o facto de o exercício do nosso culto poder ofender alguém. A maioria da Europa, praticante ou não, crê em Deus e respeita as festas e os símbolos cristãos, isto não é
simples poesia, é a realidade. Na verdade, os homens e mulheres cristãos fundaram as várias nações europeias e viveram séculos à luz dos seus princípios, sendo os mesmos, durante a Reconquista contra a invasão árabe, que uniram gente de toda a Europa para escorraçar os invasores.

Claro que é muito natural que os símbolos debaixo dos quais lutaram e deram a sua vida apareçam, através dos tempos, em todos os estabelecimentos de ensino europeus e que o crucifixo que simboliza a
igualdade do homem, perante Deus e a sacrificada vinda de Cristo para nos salvar, apareça a público. Se o Deus cristão ofende quem não é cristão, há uma solução, vão rapidamente viver para os países de onde vieram e que, em muitos casos, não respeitam os cristãos, massacrando-os, incendiando as suas Igreja e as suas casas com a maior desfaçatez.

Nós aceitamos as crenças dos outros e a liberdade de manifestarem as suas convicções religiosas. – Como será possível que na nossa própria casa não o possamos fazer? Como Francisco Sousa Tavares proclamava, num artigo datado de Março de 1982, no jornal “A Capital”, os responsáveis europeus, inibidos pelo seu laicismo, esquecem-se que foi o espírito cristão que erigiu estados com poder limitado, quando a lei abraçou a vida, cerceando o império do instinto e conferindo ao cidadão a Dignidade de Deus como fonte de autoridade e, sem fronteiras, aflorando desse modo um grau diferente de crescimento humano. E significativamente concluindo“é preciso ser cego para não querer ver a beleza admirável da construção greco-judaica da Cidade do Homem”. Como Teilhard de Chardin, direi que a ascensão do destino do homem à liberdade é a essência do seu encontro com Deus.

Assim pensa a maioria dos europeus, mas existe uma minoria que por força das seitas a que pertence, não permite oficialmente que a maioria assim pense, impedindo a criação de uma Alma Europeia e abrindo tragicamente as defesas da Europa ao extremismo muçulmano.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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