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When Leah met Gaspar

Tanta gente por aí
tantas mulheres
tantos homens
e depois chegaste tu
tu, igual a ti mesmo
tu, igual a ti mesma
e eu, eu.

Podias nunca ter-me falado, mas falaste.

– Não me vais dizer quem és, pois não?
– Estás tão enganado!
– Sou o Gaspar.
– Sou a Leah.

E conversámos e dançámos e rimos
tanto tempo, tanto tempo
é sempre tão pouco quando estamos juntos
e o dia nunca mais raiava
mas depois finalmente chegou
e o primeiro beijo de escadinhas foi assim:
– Chega-te aqui, preciso provar-te!
Era quase hora de jantar, lembro-me bem.

E voámos juntos
o lago à direita
a lua à esquerda
espelhando-se nas margens
das montanhas e das nuvens
ou terá sido ao contrário?

Despidos de tudo
do nosso pudor
da nossa vergonha
do nosso passado
amando tão perfeitamente
estes nossos corpos imperfeitos
mas que são perfeitos
para podermos fazer tudo
o que queremos fazer
simplesmente tu e eu
a efusão dos sentidos
as palavras atropelando-se
cada um terminando as frases do outro
a pressa de dizer tanta coisa
por termos tão pouco tempo
apenas uma vida
e ela já está tão encetada.

– Não sei do que tenho mais vontade
se de te falar, de te beijar ou de te
… quero fazer tudo ao mesmo tempo!

Quantas vidas para te encontrar?
Quantas vidas para te ter
minha alma gémea alma minha.

Quando a Leah encontrou o Gaspar foi assim
un homme et une femme tchabadá badá
una salsa habanera
e um slow ao pequeno-almoço
– Adoro dançar contigo!
– Eu também, meu amor, eu também!

Ela é Leah.
“L” de “elle”, por definição
ela é todas as mulheres
e todos os rostos do amor
tous les visages de l’amour
como cantou tão bem Aznavour
e L de linda e lasciva
por vocação e vontade
e de lutadora e livre.
“E” do verbo ser e da pausa
que precisei para respirar antes de dar
o salto para o voo com ela.
“AH” do grito, do berro, do clamor
que se solta finalmente
quando o voo é êxtase
euforia, loucura, amor.

Ele é Gaspar.
“G” de gentleman generoso
“A” de alfa ardente apaixonado
mas também de alter-ego
“S” de senhor sedutor sensível
“P” de presa e predador
“AR” do ar que preciso
quando ele me pega nos seus braços
e me diz: “fode comigo!”

Bia Vasconcelos e José Luís Correia
(excerto de “O Diário de Leah Forsin”)
BVJLC23052020

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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