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Timorenses usam Portugal como passagem para o Reino Unido

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Vários dos cidadãos timorenses que, nos últimos meses, foram apoiados em Portugal abandonaram repentinamente os locais de trabalho para partirem para o Reino Unido, acabando vários deles, depois por ser deportados, segundo as autoridades britânicas.

A informação foi confirmada à Lusa por várias fontes que têm acompanhado os 1.200 timorenses que viajaram desde 2022 para Portugal em situação irregular – muitos dos quais acabaram a dormir na rua em vários pontos do país.

Dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) avançados à Lusa indicam que, em 2022, entraram em Portugal 6.814 timorenses e saíram 5.135.

No primeiro trimestre deste ano, entraram 731 cidadãos timorenses e saíram 581. Neste período, 50 timorenses saíram de Portugal com o objetivo de entrar no Reino Unido, tendo sido dados como inadmissíveis.

O agravamento do problema da entrada irregular de timorenses no Reino Unido é confirmado pelas estatísticas mais recentes do Ministério do Interior britânico. 

Segundo os dados publicados em 23 de fevereiro, no terceiro trimestre de 2022 foi barrada a entrada de 359 timorenses em território britânico, mais de metade dos quais homens entre os 18 e 29 anos. 

Este número foi quase o dobro dos 189 registados no trimestre anterior, entre abril e junho. Um ano antes, no terceiro trimestre de 2021, apenas quatro timorenses tinham sido impedidos de entregar no Reino Unido. 

O Ministério do Interior também registou 123 timorenses retidos em centros de detenção temporária, à espera de deportação, no terceiro trimestre de 2022, um aumento de 339% face aos 28 do trimestre anterior. 

As equipas envolvidas no apoio explicaram ter ajudado a encontrar alternativas para uma grande maioria, incluindo postos de trabalho, notando nas últimas semanas que vários abandonaram os locais onde estavam alojados e os empregos que, entretanto, tinham conseguido.

“Vários timorenses que fizeram o pedido de Autorização de Residência CPLP, compraram bilhetes de avião par ao Reino Unido para tentar entrar. A imigração inglesa deixou-os entrar e a mensagem começou a passar como um rastilho entre os timorenses”, disse uma das fontes.

“De um dia para o outro, começámos a ser inundados de pedidos de ajuda ou para fazer manifestações de interesse ou para ajudar no processo de pedir a Autorização de Residência”, refere.

As mesmas fontes referem que os timorenses terão conseguido que “processos incompletos de manifestações de interesse” ou pedidos feitos já depois de 31 de dezembro de 2022 tenham ser transformadas em Autorização de Residência.

Muitos dos timorenses que obtiveram essas autorizações de residência acabaram por viajar quase de imediato para o Reino Unido: “Na semana passada foi às dezenas a irem para o Reino Unido”, referiu uma das fontes ouvidas pela Lusa.

“Até alguns a quem tínhamos arranjado contratos e trabalho de um ano a ganhar limpos 800 euros partiram sem dizer nada a ninguém. Apercebemo-nos disto na semana passada quando começámos a receber telefonemas de patrões”, explica.

Timorenses podem entrar como turistas até seis meses sem visto, mas para exercer uma atividade no Reino Unido, a maioria dos cidadãos estrangeiros precisam de ter um visto de trabalho e um emprego com um salário mínimo já garantido por uma empresa, além de conhecimentos mínimos de língua inglesa. 

Os guardas fronteiriços britânicos podem impedir a entrada no país se tiverem motivos razoáveis para suspeitar que os visitantes pretendem ficar a residir sem a documentação necessária. 

Na maioria dos casos, estes não chegam a deixar o aeroporto e são deportados em poucas horas, mas também podem ser detidos em centros de detenção temporária até à repatriação. 

Apesar da polémica causada pelas chegadas irregulares no ano passado, e das promessas de maior controlo em Timor-Leste, dezenas de timorenses continuam a chegar a Portugal, todos sem trabalho e muitos a procurar usar o país para o ‘salto’ para o Reino Unido.

Os timorenses deportados do Reino Unido que não têm nem manifestação de interesse nem autorização de residência em Portugal deverão ser reenviados para Timor-Leste.

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