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The Great American Disaster

O nome do conhecido restaurante de hamburgueres The Great American Disaster assenta que nem uma luva a Donald Trump e ao seu estilo histriónico de governar o país mais poderoso do planeta. Mais do que nunca, as próximas eleições nos Estados Unidos serão cruciais para os americanos, mas também para o resto do mundo, para a União Europeia e para as Nações Unidas, para as organizações multilaterais e para as relações bilaterais, para a paz e a estabilidade, para a economia e o clima.

A governação de Trump tem sido profundamente desestabilizadora dos equilíbrios geopolíticos, mas sem que isso tenha trazido ganhos de influência ou de credibilidade para os Estados Unidos, antes pelo contrário. Os velhos aliados passaram a adversários ou mesmo inimigos. Sejam países ou pessoas, tudo quanto faça sombra ou choque com os seus interesses é para derrubar. Na realidade, o atual inquilino da Casa Branca está pouco preocupado com o mundo e só pensa mesmo é em fazer tudo para continuar Presidente da América, o palco perfeito para alimentar o seu insaciável narcisismo.

Não esconde a sua admiração por ditadores, o que legitima os autoritarismos e enfraquece todos aqueles que lutam pela democracia, liberdades e direitos humanos. A sua aversão à imigração dá trunfos a todos os que querem manter os migrantes nas fronteiras. Lida mal com a crítica e com a diferença de opiniões e nem sequer esconde os seus tiques autoritários. Facilmente se coloca acima da lei e não resiste à vontade de controlar tudo o que puder, da imprensa aos tribunais, da economia à sociedade.

Muitos consideram Trump um perigo para a América e para o mundo, como o seu ex-conselheiro para a Segurança Nacional, John Bolton. De resto, nunca se viu tantos ex-colaboradores de um Presidente terem tanta sede de vingança, revelando publicamente o que viram e ouviram na Casa Branca. A verdade é que o clima de tensão a nível global aumentou muito nos últimos quatro anos e até a União Europeia passou a inimiga, como se vê pela crispação política, nas relações comerciais e pelo seu desejo de a ver desagregar-se, como fica patente pelo apoio que deu ao “Brexit”.

O Presidente candidato é um provocador por natureza, mas nunca perde de vista o seu eleitorado ultraconservador, os evangélicos, os amantes das teorias da conspiração, os fanáticos das armas, os defensores da supremacia da América e da América supremacista, acirrando assim as tensões raciais e deixando o país em pé-de-guerra, polarizado como nunca.

E é também esta América pequenina que perdoa tudo a Trump: as mentiras, as grosserias, a fanfarronice, as alarvidades machistas, o narcisismo doentio, a falta de respeito pelo seu povo e pela ordem internacional. Com Trump, nenhum acordo é para respeitar. E pouco lhe interessa a ciência, a história, a paz ou o clima. E também falha no bom senso, como ficou tristemente célebre a sua sugestão para injetar desinfetante para combater a covid ou na sua irresponsabilidade quanto ao uso da máscara.

O mundo está hoje mais perigoso, caótico e imprevisível, e nisso também a sua administração e o Partido Republicano têm uma boa parte da responsabilidade. Só resta a esperança de ser derrotado por Joe Biden no dia 3 de novembro… e aceitar a derrota…

É pouco credível que um hipermilionário que sempre viveu do establishement queira passar por um homem do povo. Gosta de ser amado pelo povo, isso sim, o que é diferente. Trump encarna o apogeu do populismo, onde se reveem os nacionalistas fanáticos, os grupos armados, os Proud Boys e todos os outros que navegam na galáxia dos extremismos da direita racista, xenófoba e violenta. Aqueles a quem se dirigiu no debate com Joe Biden como se fosse o comandante das milícias, dizendo-lhes para recuarem e estarem alerta (stand back, and stand by).

Trump não tem ética nem moral e pouco lhe interessa a lei e as conveniências. A fuga descarada aos impostos ou a forma como sempre vai beneficiando as suas empresas, a família e os amigos no exercício do cargo, deixa todos na incredulidade. O prestigiado comentador-chefe do Financial Times, Martin Wolf, descreve-o como “um demagogo, um nacionalista e um admirador de tiranos. Alguém que acredita estar acima de qualquer escrutínio e da lei, que acha que a América da administração lhe deve subserviência”.

Em vez de fazer a América grande de novo, Trump diminui-a e amesquinhou-a, acabando por facilitar o caminho à China para crescer na ordem internacional. O mundo está hoje mais perigoso, caótico e imprevisível, e nisso também a sua administração e o Partido Republicano têm uma boa parte da responsabilidade. Um segundo mandato seria uma tragédia. Só resta a esperança de ser derrotado por Joe Biden no dia 3 de novembro… e aceitar a derrota…

 

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