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Templo Romano de Évora inclusivo

© DR

O Templo Romano de Évora, monumento nacional e único no país, ganhou esta semana ‘nova vida’ para pessoas cegas ou com deficiência cognitiva, que agora o podem compreender através de recursos multiformato, como maquetes em 2D ou 3D.

O projeto, que inclui este conjunto de recursos multiformato concebido para o templo romano da cidade alentejana, o primeiro monumento do país a dispor destas ferramentas, foi hoje apresentado em Évora, no Palácio de D. Manuel.

A iniciativa, designada InclusivTUR – Alentejo, foi desenvolvida pela Accessible Portugal, tendo como investidores sociais a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC), do distrito de Évora, e a entidade regional de Turismo do Alentejo.

O Templo Romano de Évora foi uma das atividades do projeto, enquanto a outra, ainda não apresentada, consistiu em desenvolver ‘kits’ multiformato, mas apenas parciais, para um recurso turístico de cada um dos 14 concelhos do distrito, explicou Ana Garcia, da Accessible Portugal.

“O caráter multissensorial do templo é que foi explorado ao máximo”, enquanto os outros “14 ‘kits’ dão uma amostra” do que são estes recursos, disse, exemplificando que Mourão escolheu o castelo, Vila Viçosa o Paço Ducal e Mora o Fluviário, entre outros concelhos.

Datado do século I depois de Cristo (d.C.), único no país e um dos mais notáveis da Península Ibérica, o Templo Romano de Évora pode, agora, ser alvo de visitas virtuais mais inclusivas, através dos recursos disponíveis neste projeto, para já patentes no Palácio de D. Manuel e, posteriormente, nos Paços do Concelho.

A iniciativa faz “com que qualquer pessoa consiga aceder à informação do templo, quer seja informação histórica, quer seja informação tátil, quer seja informação através de vídeo. Em função das suas capacidades versus as suas incapacidades, qualquer pessoa, a partir de hoje tem acesso ao templo”, destacou.

Foram concebidos materiais, como brochuras, maquetes e informação, em “escrita simples, escrita pictográfica, língua gestual portuguesa, gestos internacionais ou sinais internacionais, relevo braille, relevos tridimensionais e bidimensionais”, assim como “audiodescrição em português e em inglês”, indicou Ana Garcia.

Todas estas tipologias não ajudam apenas quem é cego, mas também uma pessoa “que tenha um défice cognitivo”.

“Temos cegos que não sabem ler braille”, a quem os áudio-guias são úteis, e, “às vezes, há cruzamentos, por exemplo, um autista pode ser uma pessoa extremamente focada que adora esta temática e, de repente, descobrir que há uma maquete desmontável, que existem estes materiais, pode ser de uma relevância” grande, frisou.

O investimento no projeto ascendeu aos 30.000 euros, mas, agora, para o replicar num outro monumento ou recurso turístico chegam 10.000 euros, calculou Ana Garcia, que gostaria que o templo alentejano fosse “o primeiro de muitos” elementos turísticos e culturais “mais inclusivos” no país.

A diretora regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, que lembrou tratar-se do “único templo romano com este grau de monumentalidade em Portugal”, elogiou o “magnífico trabalho de tradução para uma outra linguagem”, que permite que “uma fatia de pessoas”, que até agora nunca tinha “podido ter uma imagem no interior” deste monumento, a possa ter.

O presidente da Câmara de Évora e da CIMAC, Carlos Pinto de Sá, congratulou-se também com este novo “passe”, que possibilita a um conjunto de cidadãos conhecerem “o monumento mais simbólico e visitado da cidade”.

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