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Teatro da Garagem celebra 30 anos de olho na internacionalização

A companhia lisboeta Teatro da Garagem assinala 30 anos de existência, em 2019, com um processo de internacionalização lançado há cinco anos que lhes permitiu mostrar “que há uma alternativa possível”.

Fundada em 1989, a companhia instalada em Lisboa criou, desde então, 94 peças de teatro, estreadas por todo o país e também no estrangeiro, como “Black Stars”, apresentada este ano no Spazio Teatro No’hma, em Milão, tendo a grande maioria dos textos e do trabalho de encenação passado por Carlos J. Pessoa, da equipa fundadora do projeto.

“A partir de uma certa altura, começámos a internacionalizar-nos. Pelos nossos meios, sem respaldo institucional a não ser algumas viagens que nos pagaram, mas eram verbas que podiam ir para qualquer atividade. Andámos a viajar, em três eixos, a Europa, a lusofonia e a Ásia, começando aqui pelo Médio Oriente”, contou à Lusa Carlos J.Pessoa, à margem da apresentação de “Display”, até domingo no Teatro Carlos Alberto, no Porto.

A iniciativa, que arrancou há cinco anos e tem corrido “muito bem”, permitiu passar por países como a China, Egito, Angola, Singapura, Itália ou Brasil, e receber criadores e espetáculos de vários outros sítios, fugindo às “geografias do costume, já viciadas”, e procurando “frescura” e “mostrar uma alternativa que é possível”.

“Criou uma dinâmica que nos permite respirar, porque este mundinho da cultura portuguesa é absolutamente sufocante. (…) Neste momento, estamos muito bem, com um elenco fantástico e uma equipa incrível, com miúdos de 20 anos e outros de 50. Sinto que faz sentido, e de certo modo também estamos a abrir caminho para uma internacionalização que pode ser feita sem muito dinheiro e sem ser pelos caminhos habituais, com estímulos artísticos que são postos ao serviço do público”, reforçou.

A procura de outros mundos levou a “Display”, espetáculo estreado em 2017, e que chega hoje ao Porto, em exibição até domingo no Teatro Carlos Alberto, e que conta, desde logo, com uma atriz chinesa, Ma Xinyum, e combina português, inglês e chinês para refletir sobre o papel do teatro enquanto máquina de reflexão sobre o mundo.

“Há um processo de exposição autocrítica, mas ao mesmo tempo um manifesto de amor pelo teatro e acreditar no poder que essa máquina teatral tem”, explicou.

Sobre “Display”, simultaneamente “expositor e exposição”, Maria João Vicente, uma das atrizes do elenco e diretora da companhia, resume o espetáculo entre “momentos muito belos” e “uma companhia de teatro disponível para questionar os mecanismos do teatro”, com o “desafio da língua” articulado com a reflexão sobre a capacidade de o teatro capturar “este mundo global e acelerado”.

Para lá da influência da internacionalização no funcionamento da companhia, e até no seu campo artístico, a relação com o Teatro Taborda, em que estão instalados por convite da Câmara de Lisboa desde 2005, é “excelente”, até pela “grande relação com a comunidade local”.

À parte das parcerias internacionais e outras dentro do país, a Garagem atravessa “um processo de formação de atores” que permita aumentar a equipa, de cerca de 10 colaboradores em que “muitos têm um segundo emprego”, para poder atirar-se a projetos mais ambiciosos, como a “Trilogia dos Mundos”, conjunto de três peças que olham para passado, presente e futuro.

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