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Sonetos de Camões traduzidos para crioulo

© DR

Os Sonetos de Luís de Camões foram traduzidos para crioulo pelo escritor cabo-verdiano José Luiz Tavares e chegam agora às livrarias portuguesas numa edição bilingue da Abysmo com o duplo título “Ku Ki Vos” e “Com que voz”.

O objetivo maior deste livro é a defesa da diversidade cultural dentro da unidade, tendo para tal o autor dado a ganhar à língua cabo-verdiana um “monumento literário”, onde se poderão mais tarde alicerçar outros poetas, como explica o autor no prefácio da obra.

“Sirva este trabalho (ambicioso enquanto ideia, se não pelo resultado) como pretexto de um fito bem maior: a construção duma comunidade de povos, línguas e culturas, ao abrigo de tentações hegemónicas, tutelares ou neoimperiais, ainda que urdidas sob os véus da ‘política da língua’”, escreve José Luiz Tavares.

Com o subtítulo “Sonetus di Luiz de Camões” e “Sonetos de Luís de Camões”, o livro apresenta, ao longo de mais de 200 páginas, 65 sonetos do poeta autor de “Os Lusíadas”, e um dos grandes cultores deste género poético, entre os quais “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, “Aquela triste e leda madrugada”, “Amor é um fogo que arde sem se ver”, “Erros meus, má fortuna, amor ardente” e “Alma minha gentil, que te partiste”.

O tradutor explica que se guiou “mais por razões de excelência poética do que pelas sempre maçadoras escavações filológicas”, mas que ainda assim tentou que “estes 65 sonetos coubessem dentro do denominado ‘cânone mínimo’.

No corpo principal da edição, os sonetos são apresentados no original e na versão traduzida para crioulo que poeticamente mais agradou ao tradutor.

No entanto, as outras variantes de tradução são apresentadas numa secção final do livro, acompanhadas novamente do original, “para que em cada caso o leitor possa sempre confrontar o resultado final na língua de chegada com o original”, explica José Luiz Tavares.

“Nalguns passos terei traído miseravelmente o grande Camões, mas a língua cabo-verdiana terá ganho um incontornável monumento literário, fecundo solo onde amanhã poderão enraizar-se os poetas cultos e eruditos, e todos aqueles que apostam num porvir de poética resplandecência para a nossa sagrada e maltratada língua materna”, afirma.

José Luiz Tavares nasceu a 10 de junho de 1967, no lugar de Chão Bom, concelho do Tarrafal, ilha de Santiago, em Cabo Verde.

Estudou literatura e filosofia e colabora em jornais e revistas de Cabo Verde, Portugal e Brasil.

Pelo seu primeiro livro publicado, “Paraíso Apagado por um Trovão”, recebeu o Prémio Mário António de Poesia 2004, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian à melhor obra de autor africano de língua portuguesa e de Timor-Leste publicada no triénio 2001-2003.

Tem vários livros publicados em Portugal, editados pela Abysmo, Rosa de Porcelana, Imprensa Nacional Casa da Moeda e Assírio & Alvim.

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