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Reuniões por videoconferência estão a provocar mais operações plásticas

Depois de um ano e meio a fazer videoconferências regularmente, a obsessão com a imagem tem aumentado e as corridas aos consultórios cirúrgicos também. Um estudo mostra que os impactos na auto-estima podem não ser passageiros.

Muito se fala dos efeitos da pandemia de covid-19 na saúde, tanto física como mental, mas há uma consequência menos falada com que estamos a dar, literalmente, de caras — o aumento das cirurgias plásticas.

Com o aumento do uso de plataformas de videoconferência como o Zoom, muitos de nós passam agora horas a fio por dia a olhar para a própria cara, o que alimenta inseguranças na imagem que levam as pessoas a ir bater à porta dos cirurgiões plásticos.

O fenómeno foi apelidado de dismorfia do Zoom — em referência ao transtorno dismórfico corporal, que consiste numa obsessão com defeitos na aparência — pela dermatologista e professora de Harvard Shadi Kourosh, que notou um aumento nas consultas por problemas cosméticos durante a pandemia.

“Estava preocupada que o tempo que se passa em frente às câmaras tenha efeitos negativos nas pessoas sobre a sua aparência. As pessoas não estão a olhar para um verdadeiro reflexo de como são. Não percebem que é um espelho distorcido“, afirma ao The Guardian, acrescentando que a proximidade do rosto à câmara e o ângulo interferem com a imagem mostrada.

Kourosh explica que a “preocupação das pessoas com a ideia da sua aparência” lhe parecia estranha, especialmente numa altura em que estavam a ser encorajadas a ficar em casa e evitar riscos para a saúde. O aumento nos pedidos para rinoplastias e para atenuar as rugas na testa fez a dermatologista começar a ligar o fenómeno ao uso do Zoom.

“As pessoas estavam a queixar-se da pele descaída na parte de baixo da cara e no pescoço. Começámos a pensar se isso não seria um efeito de segurarem os telemóveis em ângulos estranhos quando estavam a olhar para baixo”, afirma.

A verdade é que aquilo que as câmaras mostram não corresponde totalmente à realidade e há muitas pessoas a tomar decisões sobre cirurgias tendo por base imagens que não reflectem a sua aparência real.

Conhecido como o efeito da mera exposição, este é um conceito que explica que reagimos mais favoravelmente às coisas com que estamos familiarizados. Ora, estamos habituados a ver a nossa imagem ao espelho, que é uma inversão da realidade. Quando nos vemos em câmara e sem essa inversão, costumamos estranhar a nossa imagem.

“Vemo-nos ao espelho a toda a hora — a lavar os dentes, a fazer a barba, a aplicar maquilhagem. Olhar para nós próprios no espelho torna-se uma impressão firme. Temos essa familiaridade e a familiaridade cria afeição e estabelece a preferência para essa aparência do nosso rosto”, explica Pamela Rutledge, directora do Centro de Psicologia Mediática, à The Atlantic.

A distorção da câmara é outro problema. A maior proximidade do rosto às câmaras causa a distorção de algumas características e fá-las parecer maiores do que realmente são, enquanto mostra uma versão 2D das nossas caras.

Apesar disto, os cirurgiões plásticos no Reino Unido reportaram um aumento de 70% nas consultas. Segundo aponta a SIC, a rinoplastia e o lifting foram os procedimentos que aumentaram mais durante a pandemia — e um maior período de repouso e a possibilidade de recuperar longe dos olhares de colegas de trabalho também contribuem para o aumento. As cirurgias faciais e corporais aumentaram cerca de 15%.

 

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