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Redes sociais banalizam termos da saúde mental?

© DR

“Tal pessoa é bipolar”. “Isso deixa-me deprimido”. “Que atitude esquizofrénica”. Se, enquanto navegava na internet, você teve a impressão de que frases como estas têm se tornado cada vez mais comuns, saiba que não está sozinho: de acordo com 72% dos portugueses ouvidos numa recente pesquisa, expressões deste tipo não só estão a popularizar-se em larga escala nas redes — como também estão a ser utilizadas de forma banalizada pelos internautas, que estariam reduzindo o vocabulário terapêutico a jargões e figuras de estilo.

Quem traz a constatação é a Preply, plataforma que, no mês em que diversos países celebram o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10/9), pediu que inquiridos de todas as regiões revelassem como se autoavaliam psicologicamente nos últimos tempos, entre detalhes como a frequência com que partilham suas angústias, com quem costumam falar dos próprios sentimentos e as principais dificuldades na hora de se abrir com os demais. 

Embora seja capaz de ampliar debates sobre o assunto, para a maioria dos ouvidos no levantamento, os impactos negativos do ambiente digital vão além da banalização de termos sérios como “ansiedade” e “esgotamento”, englobando a propagação de informações incorretas, o aumento de autodiagnósticos imprecisos e, ainda, o acesso a conteúdos prejudiciais. 

Entre tantos conteúdos relacionados com autoconhecimento, terapia e motivação à distância de um clique, ao longo do estudo, uma das curiosidades da Preply centrou-se nos reais impactos da internet nos debates sobre saúde mental… tema sobre o qual os portugueses tiveram muito a dizer.

Quando questionados acerca de seus benefícios, por exemplo, boa parte dos respondentes admitiram que a internet representa uma conquista no que diz respeito aos tabus ao redor do assunto: por meio dos canais digitais, segundo 71,9% deles, mais pessoas estariam sendo informadas sobre transtornos, sintomas e formas de tratamento, entre práticas de autocuidado acessíveis (47%) e outras informações confiáveis (48,1%). 

Por outro lado, como deixaram claro ao longo do estudo, o fácil acesso a estes conteúdos também pode refletir-se na propagação recorrente de materiais incorretos (72,1%), o maior dos perigos para os entrevistados, a par da normalização de comportamentos problemáticos (48,9%) e o aumento do autodiagnóstico (57,2%). 

A estes impactos negativos, soma-se ainda um problema específico reconhecido por 7 em cada 10 portugueses: a banalização de determinados termos ligados à saúde mental, cuja lista inclui conceitos como “deprimido”, “esquizofrénico”, “narcisista” e “bipolar” — que estariam, de acordo com os inquiridos, a perder os seus sentidos psicoterapêuticos ao serem usados para descrever atitudes e mudanças de humor quotidianas.

Para compreender como a população expressa as suas emoções, foram entrevistados, nas últimas semanas, 400 portugueses residentes em todos os distritos do país. No total, os respondentes tiveram acesso a 10 questões que exploraram experiências pessoais relacionadas com saúde mental, autoconhecimento e os impactos da internet nos debates sobre o tema. A organização das respostas permitiu a criação de diferentes rankings, onde é possível consultar a percentagem de cada alternativa indicada pelos entrevistados.

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