No quintal das palavras me revejo
É todo meu o campo que granjeio
Afago-as com denodo e nesse ensejo
Me resguardo do mundo imundo e feio
Procuro nele um rasto ao paraíso
Adubo com o húmus da ilusão
E arranco da terra o choro, o riso
Descortinando em mim toda a emoção
Esqueço-me, assim, de outros rebentos
De que cuidei com zelo e carinhos
Mas que por ironia de maus ventos
Preferiram atalhos aos caminhos
No quintal das palavras me resguardo
Da vida desgraçada que fareja
E medito orações enquanto aguardo
Uma morte serena e benfazeja.
Luís Gonzaga (02/02/2018).
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