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Quatro portugueses para salvar um clube holandês

Dezasseis anos depois da última de 20 presenças na I Liga holandesa, o Fortuna Sittard está bem encaminhado para voltar à elite. Com quatro portugueses no plantel, um na equipa técnica e o jovem lateral esquerdo luso-romeno Alex Petrice nos sub-19, a formação orientada por Cláudio Braga (a meias com Kevin Hofland) já garantiu uma vaga no playoff de promoção, por ter vencido o segundo de quatro períodos (de nove jornadas) do campeonato, mas pode subir diretamente caso termine a fase regular em primeiro, explica o Diário de Notícias.

Na pacata cidade de Sittard (quase 40 mil habitantes), junto às fronteiras com Alemanha e Bélgica, o clã luso vai sentindo o entusiasmo. “Sentimos expectativas altas por parte do clube e dos adeptos. Nos jogos fora, são 300 a 400 adeptos que costumam acompanhar a equipa. Para uma II Liga é muito bom. São muito apaixonados pelo clube e há muitos anos que não têm uma alegria”, relatou ao DN o guarda-redes Miguel Santos, 23 anos, o primeiro dos quatro portugueses a chegar ao clube, há pouco mais de um ano, depois de uma experiência malsucedida nos ingleses do Port Vale.

“Estamos na luta. É como um barco, todos a remar para o mesmo lado, jogo a jogo, de três a três pontos e fazer contas no fim”, aditou o extremo André Vidigal, 19 anos, que aterrou na Holanda no início da temporada por empréstimo da Académica, mas que entretanto já assinou a título definitivo.

“É um objetivo muito grande. Queremos ser campeões e vamos lutar até ao último jogo. Sentimos que a cidade está connosco. Temos sete mil pessoas nos jogos em casa e levamos algumas centenas fora. É uma pressão boa e saudável”, contou o lateral esquerdo Mica Pinto, 24 anos, que foi contratado em janeiro, depois de ter alinhado no U. Madeira na primeira metade da época, cedido pelo Belenenses.

“As pessoas estão entusiasmadas e dão-nos apoio quando passam por nós na rua”, corroborou o extremo Lisandro Semedo, 21 anos, no Fortuna desde o verão, após passagens pelos sub-21 do Reading e pelo AEZ Zakakiou.

O quarteto luso tem em comum o empresário Paulo Veríssimo e o desejo de somar minutos num nível competitivo elevado. A missão está, para já, a ser cumprida. Todos têm sido titulares, Miguel Santos é um dos guarda-redes menos batidos do campeonato, Mica Pinto pegou de estaca, Lisandro Semedo foi eleito o melhor jogador do segundo período da II Liga (tem dez golos marcados) e André Vidigal leva sete remates certeiros no primeiro ano de sénior.

“Precisava de mostrar o meu valor e jogar todos os fins de semana. Tenho feito golos e assistências. Não podia pedir mais. Tenho notado o interesse de alguns clubes da I Liga holandesa, mas nada em concreto”, afirmou Semedo, nascido em Setúbal, primo afastado do médio sadino José Semedo e formado no Sporting, que apesar da boa temporada tenta abstrair-se de uma eventual chamada à seleção nacional de sub-21.

“Queria ganhar experiência e foi uma aposta ganha. Por ser jovem, tenho de somar bastantes minutos. Quando cheguei, a equipa estava em 19.º lugar, mas saímos da zona de aflição com uma vantagem grande e esta época estamos a lutar pela subida”, confessou Miguel Santos, que passou quase uma década na formação do Benfica e é neto de uma glória encarnada dos anos 1950 e 1960, Artur Santos, de quem pretende seguir as pisadas: “Se um dia chegar ao patamar que ele atingiu, ao jogar pela seleção nacional, ser capitão do Benfica e campeão europeu (1960-61), irei sentir que a minha carreira foi bonita e boa.”

Quem também tem futebol no sangue é André Vidigal, da conhecida família de angolanos radicada em Elvas, com o tio Luís Vidigal como expoente máximo, por ter representado Sporting , Nápoles, Udinese e seleção nacional. “É o nosso ADN, nascemos com foco para o futebol. Todos os meus primos jogam no bairro desde pequeninos, é uma continuidade. Há muitos futebolistas na minha família, até mulheres. É um grande sonho ser profissional de futebol”, vincou o internacional sub-20 português, um jogador de ataque ao contrário do pai, Beto, e dos tios Lito, Jorge, Luís e Toni. “Eles dão-me muitos conselhos. O meu tio Luís diz-me para nunca desistir e para levar todos os dias a sério. Isso identifica-se com o jogador que ele foi, muito lutador”, revelou o extremo, que tem o sonho de jogar no Barcelona ao lado de Messi.

O quarteto português está bem integrado no plantel, mas acaba por formar um grupo. “Estamos sempre juntos. Ao almoço, dizem logo que é a mesa dos tugas. Estamos sempre na palhaçada e vamos jantar fora muitas vezes.

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