
Se eu escrevesse um poema famoso
No silêncio da floresta no meio da selva
Dormiria à noite um sono na relva
E quem sabe se ficaria até formoso.
Quanto mais escrevo, mais borbulha a inspiração,
E cada dia e noite eu preencho cada vazio,
Moldo a palavra, jogo o tédio na fogueira,
Derramo no papel um ímpeto poético a fio.
Quando mais escrevo muito mais esperneio
Páro no caminho e tomo meu lugar ao sol
Debaixo das estrelas, do céu e este poema é teu
As borboletas são minhas e as gestas são bravias .
Quanto mais escrevo mais penetro em mim
E me vejo num poema que ainda não inventei
E eu nem sei se inventarei algum poema assim
E não devo ser o único que tal poema imaginei.
Quanto mais escrevo menos me embaralho no soneto
Na sextilha, nas quadras, nas palavras e no floreio
E borboleio alegria, empatia e muito afeto
Mas este poema de hoje nunca será amanha famoso .
José Valgode