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“Portugueses votam em Trump porque esquecem as origens”

O empresário português José Morais, emigrado nos Estados Unidos há mais de 50 anos, considerou, em entrevista à agência Lusa, que muitos portugueses apoiam Donald Trump porque “se esqueceram de onde vieram”.

“Antes de mais, eu nem sou republicano nem democrata, nem sou socialista, nem do PSD, nem nenhum partido. O meu partido é as pessoas, sempre foi e continuará a ser enquanto eu por cá andar” referiu José Morais, empresário e uma das figuras proeminentes da comunidade portuguesa de Manassas, no Estado de Virgínia, a pouco mais de 50 quilómetros de Washington.

José Morais, de uma família que emigrou há 52 anos para os Estados Unidos e se estabeleceu em Manassas, depois de passar por New Bedford e Long Island, declarou que Donald Trump teria ganho as eleições de novembro contra o concorrente Joe Biden “se falasse menos um bocado”.

Para o luso-americano, os últimos meses demonstraram um Presidente que “provavelmente perdeu a cabeça”, junto com “a família toda” na Casa Branca.

“Temos muitos portugueses que se esqueceram de onde vieram, na nossa comunidade aqui, (…) porque a maior parte deles ainda não era nascida no tempo de Salazar e não sabia o que era uma ditadura”, considerou José Morais.

O emigrante nos EUA acrescentou que “o que Trump estava a tentar fazer nem é mais nem é menos que uma ditadura que queria implantar”, aproveitando a forte dedicação de apoiantes que são como um “culto que infelizmente não tem lugar neste país nem lugar em país nenhum do mundo”.

Para o empresário português, o que o Presidente cessante fez ultimamente “não se justifica”, “mas cada um apoia quem quer e com quem se sente melhor”.

Donald Trump continua Presidente dos EUA até ao meio-dia de quarta-feira (17h00 em Lisboa), momento em que Joe Biden deve fazer o juramento, numa cerimónia com fortes medidas de segurança.

“Este Presidente, se falasse menos um bocado, ganhava novamente”, considerou o português.

Trump entrou na presidência há quatro anos com um cenário de crescimento económico e sai com uma economia em crise, que vai ser uma das dificuldades de Biden, considerou.

Como cidadão luso-americano, José Morais defendeu: “não somos aquilo que mostrámos no dia seis”, referindo-se à invasão ao Capitólio em Washington por milhares de apoiantes de Trump, que resultou em seis mortes.

Além das preferências políticas, “a comunidade é muito unida” em Manassas, defendeu José Morais, explicando que a cidade, situando-se nos arredores da capital do país, evolui também com as mudanças em Washington.

Quando existem recessões, a economia da região “fica afetada um ano depois e recupera um ano antes” em relação ao resto do país, analisou José Morais, com destaque para períodos eleitorais.

Sendo Washington a capital do país e o lugar onde congressistas de toda a América se reúnem e debatem políticas e legislação, todos os deputados e funcionários do Governo têm escritórios e habitações à volta.

“Vindos de toda a América, vêm senadores e congressistas de todo o lado e vêm as famílias e vêm os empregados atrás deles”, descreveu José Morais.

“Vêm sempre uns milhares de quatro em quatro anos (…) para a comunidade em geral, à volta de Washington”, apesar de que as eleições intermediárias a cada dois anos também provocam alguns movimentos, mas não tantos.

E mesmo quando os mandatos dos deputados e governantes acabam, poucos são os que deixam Washington num curto espaço de tempo para voltar para os estados de onde vieram.

“Portanto tem de haver casa para os meter e tem de haver comida e tem de haver serviços… É essa a diferença de muitos estados” onde as migrações estagnam, continuou o empresário para justificar a estabilidade da comunidade luso-americana em Manassas, que vive principalmente da construção civil, com muitas empresas de construção fundadas por portugueses emigrados para os EUA.

 

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