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Português campeão mundial de acordeão

Um feito “muito gratificante” que “recompensa o esforço e dedicação” para preparar a competição foi como o acordeonista algarvio João Palma reagiu à vitória alcançada na 71.ª Copa do Mundo de Acordeão, que terminou no domingo, na Lituânia.

João Palma tem 18 anos, é natural de Loulé, concelho do distrito de Faro, e tornou-se no “primeiro português a vencer na categoria” de virtuoso júnior, numa edição da Copa do Mundo da Confederação Internacional de Acordeão (CIA), entidade integrada no Conselho Internacional de Música da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e que tutela estas competições.

“É um trabalho em que é preciso estudar muito, e ser o primeiro português a vencer na minha categoria numa Copa Mundial é muito gratificante para o meu trabalho. Apesar de custar muito e dar muito, muito trabalho mesmo, é sempre bom reconhecerem o nosso valor nestes concursos”, afirmou João Palma à agência Lusa.

O acordeonista louletano frisou que, na atualidade, os jovens da sua idade “preferem divertir-se com os amigos e ir à praia durante o verão”, atitude que não se coaduna com a exigência de uma prova de nível mundial como a Copa do Mundo, que conta com 100 participantes selecionados, em representação de mais de 20 países, e onde o nível “é muito alto”, disse.

“É uma Copa Mundial, existem nos diferentes países qualificações para saber se o concorrente está ao nível mínimo para concorrer, por isso todos os concorrentes têm um nível bastante elevado”, acrescentou João Palma, cujo futuro vai passar, no médio prazo, frisou, por uma “formação na vertente de jazz”, em Lisboa.

“O jazz dá azo a muita criatividade e a pensar fora da caixa, que é aquilo que acho que neste momento faz falta à sociedade”, afirmou ainda João Palma, frisando que o acordeão é “um dos instrumentos mais versáteis” e “podem ser tocados em jazz, na música popular, tradicional, e em quase todos os géneros”.

Nélson Conceição é o professor de João Palma e disse à Lusa que a vitória do seu aluno “foi um feito fantástico”, porque “não é todos os dias que um português alcança uma vitória numa Copa Mundial” de acordeão, onde os representantes portugueses, que são selecionados pela Associação de Acordeonistas do Algarve – Mito Algarvio, têm dificuldades para suportar despesas e financiam, por vezes, as deslocações do próprio bolso, por falta de apoios oficiais.

“Há muito trabalho, muita dedicação, há uma privação de muitas coisas e, hoje em dia, é muito complicado nós podermos agarrar estes jovens e fazer algo neste sentido”, reconheceu, frisando que não é fácil “estudar oito a dez horas por dia, durante o mês de agosto, em vez de ir para a praia com os amigos”, para depois “representar da melhor forma possível o país, sem ter reconhecimento ou apoios suficientes para isso”.

Este professor, que abdica também do tempo com a família para formar estes jovens, lamenta a falta de apoios para quem representa Portugal nestas competições, e faz o contraponto com outros países, como a Rússia ou a China, onde o Estado financia e apoia os seus praticantes.

“A China vai organizar uma Copa do Mundo em agosto de 2019, tem um orçamento de meio milhão de euros e [vai] financiar com 300 euros a deslocação de cada participante, até de outros países, para contarem com os melhores. Portugal vai organizar em 2020, e vamos ver que apoios vamos ter”, contrapôs, deixando o apelo de que é necessário apoiar os praticantes deste instrumento musical, “que faz parte da cultura portuguesa”.

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