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Portugal muda quando nós mudarmos

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O problema mais grave é o facto de todos estarmos comprometidos com os parlamentares que elegemos e com os Governos que temos tido. Falta um compromisso de Povo e de Estado. Na controvérsia política o sistema consegue desviar a atenção dos portugueses para canto e grande parte do cidadão é levado a olhar só para os males do vizinho: uma boa maneira de fugir com o rabo à seringa!

Os responsáveis do atual sistema, em que a corrupção se tornou aceite, movem as forças da nação para o ceguinho que tem apenas um deputado no parlamento como se esse fosse o problema de Portugal!

Não se quer reconhecer que o rei vai nu!

O sistema corporativista português de grupos de interesse e de grandes famílias de amiguinhos chegou a um ponto em que não é possível servir-se Portugal nem os portugueses; trata-se sobretudo de administrar a miséria e servir clientelas ideológicas e grupos económicos que criem chances para as mesmas clientelas. Os interesses do povo não contam.

Ao contrário do que se deu na Alemanha onde depois da guerra as classes sociais se tornaram razoavelmente permeáveis, em Portugal continuou-se na velha tradição da sociedade medieval: os grupos de interesse, as famílias fortes permanecem cerrados em si mesmos, não abrindo entrada para uma nova geração de pessoas competentes.

Mais que apelarmos a votos seria óbvio que se apelasse a uma mudança de consciência e de atitude política. Se isso acontecesse, os sedentos do poder logo se orientariam por essa nova consciência.

Os que seriam capazes de mudar o sistema estatal não estão interessados nisso porque desta forma se aproveitam mais dele. A classe política em Portugal geriu mal e o país deveria chamá-la à responsabilidade e levá-la a cumprir a sua pena para que o país não continue a ser penalizado! Mas tudo é adiado numa Justiça cega para os grandes.

A classe política perdeu grande parte do crédito porque abusou do poder que o povo lhe deu para se servir a si própria.

O Problema não é Ventura, um partido com um deputado, mas o medo dele que não deixa ouvir aquilo em que ele terá razão. Este medo é parte do problema porque impede autorreflexão e dá, indirectamente, razão aos que administraram mal o país, numa de “continue-se assim”!

Porque haver tanto medo de uma extrema direita irrelevante e elevada a notícia pelos que se deveriam penitenciar?! O povo português é moderado! O povo pode, ocasionalmente, votar não por convicção, mas por estratégia para que deste modo se erga no Parlamento não só as vozes dos que nos conduziram à situação em que nos encontramos.

Em política não haverá um bom caminho; há muitos caminhos possíveis e estes são sempre determinados por quem tem mais poder!

Penso que a pandemia, por mais complexa que ela seja, é mais um bom pretexto para que o medo nos continue a disciplinar e a dominar e deste modo a ajudar a manter o status quo!

António Justo

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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