De que está à procura ?

Europa

Portugal já acolheu tantos ucranianos como judeus na Segunda Guerra

O Museu do Holocausto do Porto assinala, esta sexta, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Estima-se que, nos anos 40, 50 mil refugiados do Holocausto tenham conseguido chegar a Portugal. O mesmo número de pessoas que, em 2022, chegaram ao país fugidos da guerra em território ucraniano.

Na próxima sexta-feira, o Museu do Holocausto apresenta uma programação especial, dedicada a homenagear os seis milhões de judeus vítimas de genocídio na década de 1940. Mais de 1000 alunos de escolas de Norte a Sul do país são esperados para acender a chama em memória das vítimas do Holocausto.

A chama será acesa na Sala Memorial do Museu, junto dos nomes de dezenas de milhares de pessoas assassinadas. Serão os alunos das escolas presentes os responsáveis pelo acender da chama, numa cerimónia que contará também com a presença do Coro masculino da comunidade judaica do Porto: Coro Mekor Haim. 

Milhares de documentos, mobília e alfaias religiosas, guardados durante cerca de 70 anos, fazem hoje parte do Arquivo da Comunidade Judaica do Porto e encontram-se expostos no Museu do Holocausto do Porto. Estes documentos relatam a chegada de refugiados judeus ao Porto em 1940 e 1941, logo após a Queda de França, fugidos do terror nazi. São, por isso, “documentos que testemunham a sobrevivência”, como explica Hugo Vaz, responsável por Museu do Holocausto do Porto, “um testemunho das vidas que procuraram refúgio temporário na cidade”. 

Através destes documentos, que representam a ligação entre a cidade do Porto e o Holocausto que grassava por toda a Europa, “conseguimos perscrutar um pouco das vidas normais que deixaram para trás, as suas profissões, a sua cidadania, a sua cultura. Um exemplo de vidas que sobreviveram em contraste com todas aquelas que se perderam”, acrescenta.

Pelo menos cerca de 20% destes refugiados entraram em Portugal com Vistos emitidos pelo Cônsul Aristides de Sousa Mendes, um dos quatro Justos Entre as Nações portugueses (não judeus que salvaram judeus durante o Holocausto). Fugidos de uma “Solução Final para a Questão Judaica” que ninguém imaginava que pudesse acontecer e que, hoje, desejamos não voltar a ocorrer “Nunca Mais”.

O Museu do Holocausto do Porto é o primeiro museu sobre este tema na Península Ibérica. Abriu portas em 2021 e, desde então, soma já mais de 70 mil visitas.

Dirigido ao grande público, o Museu do Holocausto do Porto é a materialização de um repto lançado à sociedade civil pelo projeto governamental “Nunca Esquecer, em torno da memória do Holocausto” e pretende honrar a Aliança Internacional para a Memória do Holocausto, da qual Portugal é membro.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA