
Ao cair da noite lá longe no horizonte
vi a poesia de cabelo revolto e riso na fronte.
Seus ares sedutores sacudiam a imensidão
e o sol brilhava mais com a chegada da poesia.
Trazia no peito rosas e sangue fumegante
e um coro de poetas iluminou a terra num instante
freneticamente o poeta se levanta e abre seu coração
E levanta sua pena num gesto fulminante.
E erguendo o braço derrete-se um grilhão
e enchendo os pulmões de ar e de paixões
o poeta sai correndo para abraçar a poesia,
mas ela parece fugir-lhe para a eternidade.
E o poeta chora lágrimas incandescentes
e vomita vulcões em erupção e já extintos.
E sai correndo dia e noite procurando a poesia
e vai encontrá-la na boca louca do filosofo.
Depois a encontra na sensibilidade de um artista,
e mais tarde a encontra no riso e na dor.
Finalmente, o poeta se humilha, e ao entardecer
de sua vida, a beija num leito agonizante.
E então entende pouco antes de morrer
Que a poesia afinal está em toda a parte.
José Valgode