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Partimos para Jerusalém ontem

Eu de alma nas mãos, o João com o coração um pouco de fora (eu já vivi Índias, ele nunca tinha estado num além tão diferente).

A verdade é que, espiritualmente, sempre fui livre, mas a educação é cristã – ainda que toda a minha cabeça seja feita de ciência. Então, todos esses trilhos e recantos sagrados já me haviam sido contados infância fora.

Mas com o pé em terra firme, Jerusalém é cor, barulhos, rezas e gentes de todo o mundo concentradas num local que, por si só, emana misticidade.

Pouco passava das 20:30h quando regressamos ao hostel – estafados porque em Tel Aviv o turismo foi noturno (e recomenda-se) e a barriga ficou entristecida (não sou de borregos, e estou exausta de pão).
Pedi 10 minutos para dormir, que se transformaram para os dois em 2horas (saborear a presença do meu João é deixá-lo longe de qualquer encosto). E foi entre o sono e a consciência meia desperta, que ouvi uns cânticos vindos da janela: ontem celebrava-se o culminar do #Hanukkah e Jerusalém encheu-se de preces e seguidores.

Já os cânticos tinham terminado, quando a minha (in)consciência me prega uma partida. Lá dentro de um sonho, contava à minha mãe que havia sonhado com o meu pai. Nesse sonho contado, vi-lhe o rosto sorridente de soslaio (bem real), e vi a caminhar ao meu encontro um grande amigo seu – que nos é muito querido e também partiu cedo demais -, com a sua voz rouca e cheiro delicioso de cachimbo com perfume. Disse-me: “não te preocupes Inês; está tudo bem. Estamos com o Pai”.

Apercebi-me pouco depois que era hora de acordar – ainda no verão troquei impressões sobre este estranho estágio do sono em que, ao de leve, tentamos controlar o que se segue após o sonho que não controlamos.

Abri os olhos meia estremunhada, percebi onde estava e espreitei pela janela: os cânticos já tinham terminado. Acordei o João, ansiosa para lhe contar: “sonhei com o meu pai!!”.

Esperei 6 meses para que acontecesse e também sei que, bem lá no fundo, esperei chegar a Jerusalém (ainda que sem razão firmada) e não podia ter sido recebida de melhor forma: a verdade é que senti um vazio (que vai e volta de quando em vez) mas também a confirmação de que a energia que nos une, vai muito além da matéria que nos constitui.

És sempre bem-vindo nos meus sonhos: tu que andas por aí a ver o Mundo comigo!

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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