PARSUK quer ajudar a informar Portugal no domínio científico
A Associação dos Investigadores e Estudantes Portugueses no Reino Unido (PARSUK) vai produzir “telegramas científicos” para ajudar a Embaixada de Portugal a acompanhar os desenvolvimentos na ciência britânica, revelou em Londres.
A ideia foi apresentada hoje ao embaixador português, Nuno Brito, durante o Luso 2024, o encontro anual promovido pela PARSUK, o qual se manifestou recetivo à iniciativa.
Ainda em fase piloto, o primeiro “telegrama científico” deverá ser concretizado até ao final deste ano.
O presidente da PARSUK, Diogo Martins, afirmou à agência Lusa que a intenção é tentar colmatar a falta de um adido científico na embaixada.
Partindo do facto de que os diplomatas enviam regularmente “telegramas”, isto é, documentos informativos, para Lisboa sobre várias temáticas como a defesa, economia, política, a Associação sugeriu elaborar algo semelhante sobre a ciência.
Martins (na foto abaixo) explicou que o “telegrama científico” será “um documento muito curto” que vão “enviar numa base trimestral à embaixada com as grandes novidades científicas do Reino Unido que possam ser de interesse a Portugal”.
Estas informações podem ser atualizações em áreas específicas como a saúde ou a inteligência artificial, oportunidades de financiamento ou referências a organizações, académicas ou não, que sejam potenciais parceiras.
“Queremos tentar estabelecer uma conversa, tentando comunicar aquilo que achamos ser importante, mas também saber o que Portugal considera serem as suas prioridades e que nós também podemos ir à procura”, salientou.
O documento será produzido por um conselho científico da PARSUK já existente, formado por dez pessoas, investigadores portugueses com posições relevantes no Reino Unido, especialistas em assuntos como a saúde mental, inteligência artificial ou inovação e tecnologia.
Diogo Martins admite que este recurso seja replicado noutros países.
A proposta foi feita no âmbito de um protocolo assinado com a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) em 2019 para promover a diplomacia científica entre o Reino Unido e Portugal e aproximar as comunidades científicas dos dois países.
A secretária de Estado da Ciência, Ana Paiva, enalteceu a ideia do “telegrama científico” por potenciar a aproximação entre investigadores que estão em Portugal e a diáspora no Reino Unido.
“A ciência faz-se em colaboração. É muito importante lá sabermos o que se está a fazer aqui e também saber-se aqui o que se faz em Portugal para estabelecermos mais ligações e mais protocolos”, afirmou à Lusa.
No encerramento do evento, Ana Paiva sublinhou também que o Governo está a tentar criar condições para investigadores e cientistas voltarem a Portugal.
“Numa altura em que se discute a fuga de cérebros, queria dizer-vos que vocês são os nossos cérebros e agradecemos o trabalho que têm feito aqui em prol de Portugal. Mas, se quiserem voltar, estamos de portas, ou melhor, de políticas abertas”, acentuou.
A secretária de Estado disse que o Executivo está a trabalhar “numa série de instrumentos que vai dar possibilidades de fazerem as vossas carreiras em Portugal, se assim o desejarem”.
Como exemplo referiu a criação do estatuto de carreira de investigação científica, o aumento de posições com contratos e um programa de financiamento para investigadores em ambientes não académicos.