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Pandemia ‘adormece’ Elvas e Campo Maior

A Eurocidade formada por Badajoz, Elvas e Campo Maior está “adormecida”, a aguardar o regresso à normalidade, depois de a fronteira do Caia ter sido encerrada devido à covid-19, passando apenas algumas viaturas e trabalhadores transfronteiriços.

A desempenhar funções de comercial numa empresa de Elvas, no distrito de Portalegre, mas a residir no outro lado da fronteira, em Badajoz (Espanha), Pedro Dias passa pelo Caia diariamente, numa “rotina normal”, alterada nas últimas semanas devido ao controlo das autoridades e ao reduzido número de carros na estrada.

Este trabalhador transfronteiriço, de 45 anos, relatou à agência Lusa que, nos últimos dias, já começou a observar algumas filas na zona de fronteira, onde é um “hábito” ser abordado pelas autoridades.

A Eurocidade nasceu para unir os povos e desenvolver económica e culturalmente as zonas fronteiriças de Elvas, Campo Maior e de Badajoz, mas o projeto, segundo os responsáveis, está atualmente “adormecido” devido à pandemia, que provocou o encerramento do Caia e “afastou”, temporariamente, os habitantes de ambos os lados da fronteira.

O alcaide de Badajoz (Espanha), Francisco Javier Fragoso, é o presidente da Eurocidade e, em declarações à agência Lusa, mostrou-se preocupado com a situação que atravessam os setores do turismo, restauração e comércio.

Francisco Javier Fragoso defendeu que os governos dos dois países deviam “compensar” financeiramente os trabalhadores destes setores, uma vez que as fronteiras estão encerradas.

“Quanto tempo vão aguentar os restaurantes de Elvas sem que os vizinhos de Badajoz, grandes clientes, possam lá ir consumir. Quanto tempo um comércio ou um serviço médico de Badajoz pode sobreviver sem que os irmãos portugueses venham consumir ou frequentar”, questionou.

Lamentando que todos os projetos que estavam a ser desenvolvidos no âmbito da Eurocidade estejam agora “parados” devido à pandemia, o alcaide de Badajoz afirmou-se favorável à reabertura das fronteiras com “todas as regras sanitárias” e de forma “apertada” para evitar a “morte económica” das duas regiões.

Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Elvas, Nuno Mocinha, lamentou que a covid-19 tenha provocado a paralisação do projeto Eurobec, que visa o desenvolvimento da Eurocidade em três áreas: governança, visão estratégica sustentável e ações que promovam a participação dos cidadãos.

“Uma das ações é ao nível do sistema educativo e propõe a troca de experiências entre professores, instituições e alunos. Obviamente, que esta questão da pandemia tem prejudicado estas relações, está tudo atrasado, está tudo adiado até que possam voltar ao terreno”, lamentou.

“A Eurocidade, mais do que um edifício em si, é um contexto de relação. Se a fronteira está fechada é prejudicada essa mesma relação, o que quer dizer que nós sentimos esse constrangimento”, acrescentou.

Nuno Mocinha defendeu que o desconfinamento deve ser feito com “regulação” e “combinado” entre os dois lados da fronteira para evitar que seja “a dois tempos”.

O autarca defendeu ainda a implementação de programas de apoio à recuperação económica nas zonas de fronteira, considerando que são regiões “mais afetadas” comparativamente com outras mais desenvolvidas.

“Se a fronteira não abre significa outro movimento económico, porque tanto um lado como o outro da fronteira dependem desta relação. Todos sabemos que só se justifica a quantidade de restaurantes que temos em Elvas porque se tem um mercado chamado Badajoz, um mercado chamado Estremadura” espanhola, disse.

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