
É uma miséria ler um jornal ou olhar um canal televisivo. Desde há anos, que pela manhã vou ver o que há de novo a nível de corrupção, habilidades ou desonestidades a nível de políticos ou de política.
E como não tenho simpatia partidária sou mais indignado porque todos me ferem por igual. Não tenho a doença de tolerar os que me estariam mais próximos pela cor partidária. E não se aproveita de ponta a ponta. Se mais “casos” há num lado político, é apenas porque esse está mais em voga, sujeito ao escrutínio, por força de estar no poder ou ter diferentes influências em vários quadrantes, desde logo nalguma Comunicação Social.
E dói-me um pedacinho quando algum povo acusa uma facção política apenas porque é mais distante de si. Não quer ver que é tudo farinha do mesmo saco. Se as posições se alterarem – se amanhã for outro partido a ter poder, ele não vai ser diferente do outro.
Até porque é próprio da sociedade actual. Corromper e ser corrompido. Então, todos devíamos ficar tristes apenas porque a classe política, ou poderosa, seja em que área for, comete crimes ou arbitrariedades. Porque todos nos prejudicam. Cada habilidade que seja feita – maior ou menor a sua dimensão, somos nós, o povo, sempre o primeiro prejudicado, a ser roubado. Roubado de jure e de honor. Somos nós o Estado, e de um ou de outro modo é aquilo que é nosso que nos é subtraído para gáudio de uns quantos que ainda troçam e desfazem do mais fragilizado.
A humanidade vem chegando a um ponto que deus-nosso-senhor-nos-livre! É inconcebível. Não é “linguagem” retórica. É mesmo assim. Não são conceitos retóricos este meu extravasar de tristeza. Antes fosse.
Se algum nos pode parecer mais tolerável, não demora a chegar a decepção. Tristes tempos; triste gente.
(E poderíamos continuar. O rol é um ror).
Mário Adão Magalhães