Na intervenção psicológica cada vez me deparo mais com casais cujo lazer se resume a ouvir música no carro, ver televisão, fazer scroll no facebook, ir à praia no Verão, ir às compras/shopping e estar com os amigos.

Pergunto-me onde fica a aprendizagem ao longo da vida, o desafio, a adrenalina, a transpiração, o entusiasmo, a saída da zona de conforto, o aprofundamento, o incentivo, recompensa, etc.

Respondem-me: falta de tempo, obrigações, conciliação trabalho-família, cansaço e respectiva necessidade de descanso.

Ao que acrescento: procrastinação, falta de delegação (os filhos por exemplo também podem ajudar nas tarefas domésticas), falta de calendarização.

E, a este propósito, lembro-me sempre de um exemplo que o meu pai nos dava em pequenos quando se deparava com os criativos na sua agência de publicidade que se fechavam até de madrugada em quatro paredes para que fossem iluminados pelo café ou outras substâncias e terminarem a campanha que tinham em mãos.

O meu pai obrigava-os a saírem e irem utilizar os seus 5 sentidos pela cidade. Dizia-nos ele: “Como podem eles criar algo interessante se não se deixam estimular pelo menos pela cidade onde vivem?”. Referia-se à cultura, ao desporto, às tradições, à gastronomia, ao turismo, etc.

Aos casais eu digo o mesmo “Como podem vocês criar casamentos, filhos e famílias interessantes se não se deixam estimular pelo menos pela cidade onde vivem?”.