
Como será o mundo em 2025? Um otimista acreditará que os muitos problemas que se foram adensando e acumulando em 2024 irão ser resolvidos. Já um pessimista diria que as coisas podem correr ainda pior e, quem sabe, iniciar-se até a III Guerra Mundial.
A verdade é que é um mau sinal que se fale insistentemente na possibilidade de uma guerra mundial. Há razões para preocupação com os sinais que chegam de várias partes do globo. Desde logo, não se vê um fim para as duas guerras altamente destrutivas e mortíferas que continuam na Europa e no Médio Oriente, que ocupam de tal modo o espaço mediático que outros focos de tensão acabam por passar quase despercebidos.
Na guerra que a Rússia continua a fazer contra a Ucrânia já há quase três anos, algumas linhas vermelhas têm sido sucessivamente ultrapassadas. A Coreia do Norte enviou milhares de soldados que são carne para canhão para combater ao lado dos russos. Já se tornou habitual a Ucrânia atacar alvos em solo russo com armas mais poderosas e eficazes cedidas por membros da NATO, o que representa uma clara escalada no conflito. Mas a Rússia não desiste do seu sonho imperial e aumenta a parada com o uso de mísseis hipersónicos e a renovação da ameaça nuclear. Também o nuclear se tornou mais presente, com outros países a aperfeiçoar os seus arsenais, deixando o mundo em estado de alerta.
No Médio Oriente, Israel transformou Gaza num monte de escombros e os mortos superam hoje o número ignominioso de 45 mil almas e mais do dobro de feridos, cerca de 70 por cento mulheres e crianças, num contexto de total desprezo pelo direito internacional. Outros países têm sido arrastados para o barril de pólvora que ameaça a região, como o Líbano, onde o Helzbollah foi decapitado e deixou de poder apoiar a Síria, o mesmo tendo acontecido com o Irão e a Rússia, por causa das suas guerras, o que acelerou a queda da dinastia Al-Assad, e revelou ao mundo o reino de terror que imperou durante mais de 50 anos.
Mas há quem diga que onde pode mesmo começar a III Guerra Mundial é na região da Ásia-Pacífico, devido a um contexto explosivo de tensão entre a China e Taiwan, novas alianças regionais, interesses norte-americanas, estratégias económicas, modernização militar e nacionalismos.
Entretanto, Donald Trump assume a presidência dos Estados Unidos a 20 de janeiro, o que abre uma grande incógnita sobre o mundo tal como o conhecemos, dando-lhe assim uma sensação de poder que é um alimento poderoso para o seu ego desmesurado. Hoje já se conhece melhor Trump e o desprezo que tem pelo mundo, pelo multilateralismo e pelas democracias, o que pode agravar as tensões, tanto por razões económicas como militares.
E a Europa, bem, a Europa está cercada por um mundo desorientado e turbulento, com a Alemanha e a França mergulhados em crises, num contexto de ascensão de populismos e nacionalismos de extrema-direita, logo quando mais precisava de ser forte e estar unida, para poder mediar conflitos e apaziguar as tensões.
O mundo está tão perigoso, tão instável e tão vulnerável, que o meu sincero desejo para 2025 é que a razão esteja do lado dos otimistas.
Paulo Pisco