A Farfetch atravessa um período difícil. Com prejuízos que se acumulam, está a ser acusada nos Estados Unidos de enganar os investidores. Foi a primeira empresa tecnológica portuguesa a conseguir entrar na bolsa de Nova Iorque, em 2018.
Foi também, há pouco mais de cinco anos, considerada empresa unicórnio, expressão usada para as empresas que atingem o valor de mil milhões de euros.
Entrou na bolsa de Nova Iorque em setembro de 2018 e isso valorizou ainda mais a Fartech. No final do primeiro dia na bolsa, passou a valer mais de 8 mil milhões de euros.
A plataforma online de comércio de luxo foi criada em 2008 pelo português de Guimarães José Neves. A sede fiscal é em Londres, onde Neves viveu, tem escritórios em mais de 10 países e uma forte presença em Portugal.
Só em 2021 e 2022 é que apresentou lucros, mas não chegaram para compensar o investimento feito.
2023 trouxe ainda mais desconfiança. Em cinco anos na bolsa, acumulou prejuízos de 2 mil e 500 milhões de euros. Cada ação da empresa vale hoje um pouco mais de 1 euro.
Longe dos 73 euros de fevereiro de 2021, altura em que valeu mais de 20 mil milhões de euros, a Farfetch atualmente vale menos de 400 milhões de euros.
As imprensas britânicas e americanas avançam que José Neves está a avaliar a possibilidade de retirar a empresa da bolsa.
Na semana passada, deveriam ter sido apresentados os resultados económicos do terceiro trimestre do ano, mas a apresentação foi cancelada sem qualquer explicação, o que trouxe mais incerteza aos investidores e como consequência uma maior desvalorização da empresa.
Sabe-se agora que um grupo de investidores entrou com uma ação em tribunal nos Estados Unidos contra a empresa. Acusam a Farfetch de prestar informações enganadoras, nomeadamente de não informar as reais quebras de receitas.