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O milagre do Menino na pessoa da pastora Bélita

Há muitos, muitos anos, vivia nas proximidades de Belém, uma pastora de seu nome Bélita. Era um tempo em que na Palestina os habitantes estavam mais preocupados em sobreviver do que em matar em nome de um Deus. Foi há mais de dois mil anos que esta história aconteceu.

Bélita pastoreava muito bem e conhecia cada uma das suas ovelhas pelo nome. Bélita também possuía umas vacas.

Numa manhã de um dia, nos finais de Dezembro, Bélita notou a falta de duas ovelhas no seu rebanho, e duas vacas na vacaria. Que estranho, era a primeira vez que vacas e ovelhas lhe desapareciam. Teriam abandonado a companhia de Bélita por iniciativa própria? Teria sido Bélita vítima da ladroagem?

Mulher robusta e de cores vermelhas, com uma boca pequenina no meio de duas enormes bochechas, Bélita lá partiu pelos campos à procura das vacas e ovelhas desaparecidas.

Depois de galgar muita terra, de repente, Bélita ouviu o choro de uma criança. O choro vinha de dentro de uma gruta.

– Hummm. Aqui há história. Pensou Bélita, e escondeu-se por detrás de uns arbustos para ver do que ali passaria.

Passaram umas horas e já Bélita ressonava, derivado de um sono provocado pela monotonia do campo. Mas de repente, Bélita acordou com o barulho de um homem que à entrada da gruta dava vazão às suas necessidades fisiológicas.

Vamos introduzir agora um aspecto de Bélita que a caracterizava e que lhe dava muito desgosto: Bélita sofria de uma flatulência incontrolável e sofria muito com isso. Na aldeia toda a gente gozava com ela por causa disso, e até lhe chamavam a “menina dos gases” e tal alcunha não se devia somente ao exagerado tamanho da “bilha” da Bélita.

Um descontrolo na flatulência, denunciou Bélita perante o homem.

– Quem está aí, atrás dos arbustos?

– Sou Bélita, a Pastora! E tu?

– Sou José, o Carpinteiro! O que fazes aí escondida?

– Estou à procura de duas vacas e duas ovelhas que me desapareceram.

– Os animais estão na gruta! Entra e sê bem vinda à nossa humilde casa.

– E porque me gamaste as vacas e as ovelhas?

– Porque precisava de enfeitar o presépio, e para além disso as vacas e as ovelhas dão bom leite para alimentar o meu menino.

E Bélita entrou na gruta, e lá estavam as duas vacas e as duas ovelhas que lhe fizeram uma grande festa.

A gruta era muito espartana na decoração, mas tinham umas estrelinhas muito kitsch que lhe davam boa luz.

– E quem é aquela bela senhora com sete saias?

– É a Maria, a minha mulher! Tem sete saias porque somos da Nazaré.

– E que bela criança. Pela maneira que chora, deve ter uns belos pulmões.

– É Jesus!

– Jesus é vosso filho?

– É só filho da minha mulher! Afirmou José um pouco envergonhado.

– Só filho da tua mulher? Interrogou Bélita com um ar maroto.

– Pois! Mas não penses nada de mal porque o assunto é muito sério e vai modificar a história do mundo.

– Então explica-me isso tudo como se eu fosse muito burra.

E José explicou a Bélita como se ela fosse muito burra. E tão bem explicou que Bélita ficou convertida.

– Podes ser um óptimo pregador e um excelente padrasto mas és um mau carpinteiro. Não aprendeste a suficientemente a arte para fazeres um berço digno ao Menino, e ele não ficar deitado na manjedoura?

Bélita beijou o Menino, este piscou-lhe o olho e vendeu as vacas e as ovelhas a José por uma módica quantia.

Abandonou a gruta com muita paz interior, e nunca mais sofreu de problemas de flatulência. Casou e teve filhos. Terá sido milagre?

Pedro Guimarães

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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