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O melhor ‘brunch’ de Xangai é português

Um dos poucos restaurantes portugueses em Xangai foi este mês distinguido com o prémio de melhor ‘brunch’, por uma publicação local, e prepara-se para celebrar dez anos, após sobreviver aos bloqueios que abalaram a cidade devido à pandemia. 

“Foi um período muito difícil, mas não podemos perder tempo a lamentar-nos”, disse à agência Lusa André Zhou, proprietário do Viva!, que se prepara para celebrar uma década, depois de um ano marcado por bloqueios que paralisaram os negócios na capital económica da China. “Este foi o caminho que escolhi e vou seguir em frente”, assegurou.

Em 2022, Xangai foi submetida a medidas de quarentena e bloqueio, no âmbito da estratégia de ‘zero casos’ de covid-19, que vigorou na China até dezembro passado. A mais próspera e cosmopolita cidade chinesa foi particularmente afetada por um isolamento de dois meses, na primavera do ano passado, que ficou marcado por cenas de violência e escassez de alimentos e outros bens de primeira necessidade.

O Viva! mudou, entretanto, de localização, para Wuding Lu, onde está concentrada a vida noturna da cidade, e quase triplicou o espaço, para 270 metros quadrados.

Este mês, a That’s Shanghai, revista local em língua inglesa popular entre a comunidade de expatriados, atribuiu ao Viva! o prémio de melhor ‘brunch’, a refeição que combina pequeno-almoço e almoço. 

A publicação destacou o menu de domingo, composto por frango piri-piri na grelha, costeletinhas de porco ibérico e chouriço assado. “Num verdadeiro estilo português, a proteína ocupa um espaço central nas refeições de fim de semana”, descreveu a That’s Shanghai. “Mas, além de partilhar a cozinha portuguesa com os clientes, [André] apresenta a cultura e o ‘design’, a História e os sabores – e, claro, a célebre hospitalidade – para trazer a verdadeira essência de Portugal para Xangai”, lê-se.

Painéis de cortiça e de azulejo cobrem o teto e as paredes do estabelecimento. Os pratos e os talheres são também ‘Made in Portugal’.

“O paladar é importante, mas, no mundo de hoje, o aspeto visual é também muitíssimo importante”, afirmou o empresário. “No mercado de Xangai, o cliente, mais do que comer, quer viver uma boa experiência, e isso abrange a decoração e o conforto do espaço”, notou.

O menu do Viva!, escolhido por Paulo Quaresma, ‘chef’ e consultor português radicado na China desde 2010, inclui ainda amêijoas à bulhão Pato, bacalhau à Brás, feijoada de polvo, arroz de pato ou francesinha, servida com ovo e batata frita e regada no molho especial, fiel à versão ‘tripeira’. A sapateira também sai bem: “É um prato bonito”, observou André Zhou.

“Primeiro está o mercado local”, disse. “Nós escolhemos sempre os pratos que são adaptáveis ao paladar chinês”, contou. “Eu não vou escolher muitos pratos de bacalhau, porque o bacalhau é um prato muito salgado que o cliente local não vai gostar. Nós escolhemos pratos que têm molho de tomate, porque eles estão habituados ao molho de tomate. Os coentros, que são muito usados na cozinha chinesa. O marisco. [Os chineses] também gostam muito das nossas moelas”.

A lista de sobremesas inclui serradura e mousses de chocolate ou de manga.

Natural de Braga, André Zhou fala com sotaque do norte e torce pelo Futebol Clube do Porto, mas considera-se “filho de dois mundos diferentes”. 

Os pais do empresário fazem parte da primeira geração de imigrantes chineses em Portugal: “Começaram por trabalhar em feiras, depois abriram uma loja e um restaurante”. Quando saía da escola, ele ia trabalhar “na caixa ou nas limpezas, a lavar copos, fritar crepes ou a servir à mesa”.

“É um negócio que exige muita energia”, disse. “Mas já me está no ADN”.

Depois de se licenciar em Economia pela Universidade do Minho, em 2008, André Zhou foi para Xangai estudar língua chinesa.

Entretanto, passaram 16 anos: “Foi amor à primeira vista”.

Com cerca de 25 milhões de habitantes, Xangai é uma das mais cosmopolitas cidades da China, juntamente com Hong Kong. Foi lá que nasceu a indústria, o cinema e o Partido Comunista Chinês.

Os bloqueios altamente restritivos durante a pandemia e fricções geopolíticas causaram uma queda abrupta no número de residentes estrangeiros na China.

Mas André Zhou está decidido: “Estou aqui e não quero sair”.

“Quero desenvolver a minha carreira e talvez também casar e ficar por cá”, assegurou. “As coisas aqui acontecem com muito mais rapidez”.

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