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O livro redondo

Catarina Nunes de Almeida é uma jovem poetisa e investigadora na área da literatura. Doutorada em estudos portugueses, tem já uma vasta obra publicada. Desde poesia, ensaio, assim como um livro infantojuvenil.

Vencedora de dois prémios relevantes: Prémio poesia Daniel Faria, em 2007 e prémio primeira obra do Clube Português P.E.N., em 2007.

Pela editora, língua morta, Catarina Nunes de Almeida edita em abril de 2019 a recolha poética “Livro redondo”.

“Este livro contém o pulmão indiviso
maneira de ser gémea do mundo
de calcorrear as estradas
de ser perigosamente plana
contém as minhas pernas a começar pelas tuas
a tabuada do quarto escuro
e o rebuçado peitoral roubado à infância.”

“Livro redondo” é uma alegoria do mundo, da sua génese de criação, dos seus mitos, divindades, a criação artística ao serviço do sagrado e do profano. Da complexa impermanência das coisas e dos homens. Ao
longo dos poemas que incluem esta recolha poética, há referencias à criação do mundo, aos livros sagrados, aos filósofos da antiguidade.

“Onde se liam as habilitações literárias leia-se agora
o rapaz livrinho de horas e de lugares.

Nota bem: todo o livro contém as suas asas
às vezes seis às vezes quatro às vezes duas
aqui o ventre ali o espelho lá o pai e acolá o caminho.
O corpo situado em obscura caverna.”

O “ Livro redondo” metáfora do grande livro do mundo, o que encerra nele a sabedoria dos homens. Catarina Nunes de Almeida percorre as grandes correntes filosóficas, os dogmas e as crenças, os avanços
científicos , colocando sempre no centro do poema o Homem. A sua singularidade, a sua inteligência, a sua fragilidade a sua impermanência. A linguagem e a palavra, a sintaxe e a semântica na descrição, na narrativa da grandiosidade, como também das pequenas coisas do quotidiano.

É a humanidade que habita o centro dos poemas, é com e para o homem que o sujeito poético dialoga. O homem das cavernas, o homem das grandes batalhas, das grandes epopeias, o inventivo, o filosofo, o
escritor. O homem como imagem do divino, espelho da sacralidade da existência.

“Recebo os teus braços como um lance de escadas
os meus cabelos estão completos onde tu me esperas,
subo até ao mais eterno cimo, ó venerável pai das árvores
subo até à hora de seres apenas esta escrita
a vida parece até um salmo habitado
a cada homem em ti a minha janela
e o meu cântico.”

“Livro redondo”
Autora: Catarina Nunes de Almeida
Editora Língua Morta, 2019

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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