O jogo de Abalone em Londres: a persistência de um ativista

Londres sempre foi uma cidade de contrastes, onde o velho e o novo convivem numa harmonia quase irreal. As cabines telefónicas vermelhas permanecem testemunhas mudas da era digital, enquanto os autocarros de dois andares continuam a serpentearem pelas ruas carregadas de história. É aqui, nesta metrópole vibrante e caótica, que encontramos João, um jovem ativista português com uma missão peculiar: tornar o jogo de Abalone tão popular quanto o xadrez.
João, nascido em Lisboa e criado entre as praias de Cascais e as ruas empedradas do Chiado, sempre teve uma paixão insaciável pelo meio ambiente e pela tecnologia. Formado em Engenharia Informática, especializou-se em aprendizagem de máquina, uma área que acreditava ter o potencial para transformar o mundo. Mas Londres, com os seus parques verdes e a sua atmosfera cosmopolita, despertou nele uma nova paixão: o jogo de Abalone.
Descobriu Abalone por acaso, num pequeno café em Covent Garden, onde um senhor de idade jogava sozinho, absorto na complexidade das esferas brancas e pretas sobre o tabuleiro hexagonal. Fascinado, João aproximou-se e pediu para aprender. Desde esse dia, o jovem tornou-se um aficionado, jogando obsessivamente e estudando estratégias como se preparasse para um campeonato mundial.
Determinou-se então a popularizar o jogo. Afinal, se xadrez e damas podiam ter o seu lugar cativo nos parques e nas casas de chá, por que não Abalone? A sua estratégia era tão meticulosa quanto o seu treino: visitar uma biblioteca pública diferente todos os dias, montar o seu tabuleiro de Abalone, acionar o cronómetro e jogar consigo mesmo. Ao seu lado, sempre tinha uma cópia do Jornal BOM DIA com um artigo sobre Abalone, como se fosse uma carta de apresentação do jogo ao público britânico.
A sua presença nas bibliotecas tornou-se um espetáculo curioso. As pessoas observavam-no com um misto de fascínio e estranheza. “Quem é este jovem de ar determinado, que joga sozinho com tanta intensidade?”, perguntavam-se. E assim, pouco a pouco, foi atraindo a atenção de curiosos, que se sentavam ao seu lado, perguntando sobre as regras e as estratégias. João explicava com a paciência de um mestre, mostrando a beleza e a profundidade do jogo.
A fama de João espalhou-se pelas redes sociais. Vídeos dele jogando Abalone nas bibliotecas tornaram-se virais, e a hashtag #AbaloneLondon ganhou popularidade. A sua persistência e paixão contagiaram os londrinos, e em pouco tempo, grupos de Abalone começaram a surgir em parques e cafés por toda a cidade.
O jovem ativista alcançara o seu objetivo. Mas para João, a verdadeira vitória não estava apenas em popularizar o jogo. Era um lembrete do poder da persistência e da paixão, da capacidade de transformar algo aparentemente insignificante numa tendência cultural. Como em Abalone, cada movimento, por mais pequeno que fosse, tinha o potencial de mudar o jogo.
E assim, enquanto as folhas de outono caíam nos parques de Londres, João continuava a sua missão. Agora, com uma nova meta em mente: trabalhar no Google DeepMind e usar a aprendizagem de máquina para resolver os problemas mais complexos do mundo. Mas isso, pensava ele com um sorriso, era uma outra história a ser jogada.
Daniel Alexandre