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A nossa seleção no festival de Cannes

Portugal voltou a não estar na competição oficial do festival de cinema de Cannes em 2017. Até aqui nada de novo: o nosso país raramente teve acesso ao lote de uma vintena de filmes que disputam a Palma de Ouro. Salvo erro a curta-metragem “Arena”, de João Salaviza, foi o mais recente selecionado e premiado na competição. Mas as seleções ditas paralelas, tais como a Semana da Crítica, a Quinzena dos Realizadores ou mesmo o Certain Regard costumam ter regular presença lusa. Este ano não foi exceção.

Na Semana da Crítica, tivemos a curta “Coelho Mau”, coprodução lusofrancesa (Primeira Idade e Epicentre Films), que parte das relações entre dois irmãos (João Arrais e Júlia Palha), uma mãe ausente (Carla Maciel) e o seu amante (Matthieu Charneau) para criar uma fantasia erótica. A crítica disse que esta obra retoma o caminho que abriu o realizador, Carlos Conceição, noutra curta-metragem que apresentou em Cannes em 2014, “Boa noite Cinderela”. Mas o realizador português foi mais longe na inventividade, na ousadia e na forma de contar uma história, surpreendendo os “festivaleiros”.

A Quinzena dos Realizadores contou com duas curtas portuguesas, ambas assinadas por mulheres: “Farpões, Baldios”, de Marta Mateus, e “Água Mole”, de Laura Gonçalves e Alexandra “Xá” Ramires. “Farpões, Baldios” é uma ficção rodada no Alentejo e protagonizada por atores não profissionais e crianças.

Marta Mateus revisita o passado do Alentejo dos latifúndios e da reforma agrária num filme concetual que coloca questões e reflexões sobre a condição humana em geral. O público não-português teve alguma dificuldade em compreender este projeto arrojado, cheio de belas ideias mas bastante luso-português nas referências.

Água Mole”, uma produção da Bando À Parte, é uma curta de animação feita a partir da gravura. As duas jovens criadoras desta interessante ficção que integra diálogos reais, resultantes de entrevistas, e belas gravuras tem como temática a desertificação do interior de Portugal. O filme constrói um ambiente emotivo devido às sentidas declarações recolhidas, que as realizadoras combinaram com imagens extremamente expressivas.

A única longa-metragem portuguesa tornou-se a estrela da delegação lusa ao obter o Prémio Fipresci, a Federação Internacional de Críticos de Cinema. Pedro Pinho (na foto à esquerda) sucede assim a Manoel de Oliveira que foi o primeiro realizador português a receber o prémio da crítica, em 1997, com “Viagem ao Princípio do Mundo”.

A Fábrica de Nada” é um filme multifacetado e impossível de classificar. É uma ficção interpretada por atores amadores que oscila entre o drama social, o “thriller, o documentário, a comédia e mesmo o musical”. O realizador conta a história dos operários de uma fábrica em vias de ser fechada pela administração que decidem ocupá-la em vez de aceitarem indemnizações de despedimento que os patrões propõem.

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