O secretário-geral da NATO salientou esta semana que o Presidente russo, Vladimir Putin, “está a falhar na Ucrânia”, por a sua estratégia “não decorrer como planeado”, admitindo porém cautela sobre eventual uso de armas nucleares por parte da Rússia.
“O Presidente Putin está a falhar na Ucrânia e a sua tentativa de anexação [das regiões separatistas], a mobilização parcial [de reservistas] e a retórica nuclear imprudente representam a escalada mais significativa desde o início da guerra e revelam que ele sabe que esta guerra não está a decorrer como planeado”, disse hoje o responsável da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), falando em conferência de imprensa na sede, em Bruxelas.
Para Jens Stoltenberg, “a Ucrânia tem o ímpeto e continua a fazer ganhos significativos, enquanto a Rússia recorre cada vez mais a ataques horríveis e indiscriminados contra civis e infraestruturas críticas”.
Um dia antes de uma reunião de dois dias dos ministros da Defesa dos Aliados, na quarta-feira e quinta-feira em Bruxelas, o líder da Aliança Atlântica vincou que, por essa razão e apesar de “a NATO não ser parte do conflito”, tem estado a prestar apoio “com um papel fundamental”, para defesa da soberania da Ucrânia, assegurando que tal suporte se manterá “durante o tempo que for necessário”.
Numa altura em que o Kremlin ameaça o Ocidente com armas nucleares, Jens Stoltenberg salientou que “as ameaças nucleares do Presidente Putin são perigosas e irresponsáveis”.
“A Rússia sabe que uma guerra nuclear não pode ser ganha e nunca deve ser travada”, mas de qualquer forma “estamos a acompanhar de perto as forças nucleares russas”, garantiu.
E reforçou: “Não temos visto quaisquer mudanças na postura da Rússia, mas estamos vigilantes”.
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro passado.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,6 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.221 civis mortos e 9.371 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.