O radialista Armando Carvalhêda, que se distinguiu como divulgador da música portuguesa, morreu esta terça-feira aos 73 anos, na sua casa no Meco, em Sesimbra, noticiou a Antena 1, canal da rádio pública onde trabalhou durante quase meio século.
Armando Carvalhêda distinguiu-se como autor do “Viva a Música”, programa exclusivamente dedicado à divulgação da “música cantada em português”, que realizou durante 24 anos, de 1996 a 2020, fazendo dele um dos programas com mais tempo de vida da Antena 1.
“Viva a Música”, que muitas vezes arriscou a transmissão de música tocada em direto, revelando novos cantores, compositores e músicos, tinha produção de Ana Sofia Carvalhêda, filha do radialista.
Armando Carvalhêda nasceu em Lisboa, em 30 de dezembro de 1950, viveu a infância e a adolescência em Setúbal, e iniciou-se na rádio em 1967, naquela que foi a “primeira estação pirata” portuguesa, o Rádio Clube de Alcácer do Sal, que ajudou a criar, segundo a informação publicada pela Antena 1 no seu ‘site’ na Internet.
O canal da rádio pública cita o historiador Rogério Santos, que relata como esta estação pirata teve início em onda média, com a construção de um emissor rudimentar e não mais do que “um gravador, dois gira-discos e um microfone”.
O Rádio Clube de Alcácer do Sal, no entanto, chegaria ao fim pouco depois, como recorda a Antena 1, na sequência de uma entrevista a José Afonso, que “incomodou ao poder” da ditadura.
A etapa seguinte na rádio foi em 1972, durante o serviço militar de Armando Carvalhêda na Guiné-Bissau. No regresso a Portugal, em 1973, entrou para a antiga Emissora Nacional.
Na década de 1980, quando a estação pública já se denominava Rádio Difusão Portuguesa (RDP), passou a realizar diversos programas no primeiro canal da RDP. A partir de 1996, com “Viva a Música”, assumiu o que considerava ser a sua missão de divulgador da música portuguesa e dos seus músicos, e de ajudar à sua afirmação.
A Antena 1 destaca a emissão especial que Armando Carvalhêda fez desde a Bósnia, em 1995, quando produziu e apresentou o concerto “Juntos na Distância”, durante o conflito nos Balcãs, “com o objetivo de dar ânimo aos soldados portugueses destacados na gestão do conflito”.
Nos anos de 1980, Armando Carvalhêda esteve ligado à criação e lançamento do projeto de solidariedade Pirilampo Mágico da Antena 1, em parceria com a Federação Nacional de Cooperativas de Solidariedade Socia (Fenacerci).
Armando Carvalhêda dizia que “fazer rádio não era profissão”, recorda a Antena 1. “Era paixão”.