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Metade dos portugueses acham a sua cultura superior às outras

Em Portugal a aceitação de religiões não-católicas e de realidades como o casamento homossexual e o aborto contrastam com o sentimento de metade dos portugueses de que a sua cultura é superior às outras, revela um estudo.

As conclusões constam de um relatório que tem por base um inquérito do Pew Research Center, um grupo de análise (fact tank) norte-americano que se centra em questões sociais, comportamentos e tendências predominantes no mundo, a partir de inquéritos de opinião, análise demográfica, conteúdos de media e outros estudos empíricos no âmbito das ciências sociais, financiado pelo fundo The Pew Charitable Trusts.

O inquérito foi conduzido entre junho de 2015 e agosto de 2017, em fases distintas, com entrevistas presenciais nos países da Europa central e de leste e por telefone na Europa ocidental, com uma amostra que varia entre as 1.400 e as 1.500 pessoas por país, nos 34 abrangidos pelo estudo.

Quando questionados sobre o nível de concordância com a frase ‘O nosso povo não é perfeito, mas a nossa cultura é superior às outras’, 47% dos portugueses manifestaram um acordo total ou quase total com a afirmação.

A percentagem iguala o resultado dos italianos e fica bastante acima dos 20% de concordância em Espanha, 36% em França, e ligeiramente acima dos 45% da Alemanha.

O estudo, que traça uma clara diferença entre a Europa ocidental e a Europa central e de leste, revela que os portugueses estão entre os que afirmam aceitar melhor a ideia de ter na família elementos muçulmanos (70%) ou judeus (73%).

À medida que se avança no continente europeu em direção a leste a aceitação diminui.

Mas ao contrário da maioria dos países da Europa ocidental, Portugal é dos poucos a considerar a religião um fator determinante para a ideia de identidade nacional, ficando bastante acima de italianos, irlandeses e espanhóis, por exemplo.

É também dos poucos a considerar muito importante para a definição do conceito de identidade nacional que seja tido em consideração o local de nascimento e as raízes familiares.

Apesar de ainda largamente católico, Portugal apresenta já 15% de agnósticos ou ateus, estando entre os países com mais cidadãos criados como cristãos que deixaram de o ser ao longo da vida.

A quebra de 11 pontos percentuais em Portugal nesta categoria, com uma diferença entre os 94% que afirmam ter sido criados como cristãos e os 83% que ainda admitem sê-lo, é, ainda assim, inferior à diferença de 28 pontos percentuais na Bélgica e na Noruega, ou de 26 pontos percentuais na Holanda e em Espanha, sendo estes os países com a maior percentagem de abandono da religião.

A ainda elevada religiosidade dos portugueses não impede, no entanto, que cerca de 60% dos inquiridos portugueses se declarem favoráveis ao casamento entre pessoas do mesmo sexo – sendo, ainda assim, o nível de aceitação mais baixo na Europa ocidental – e que 60% se manifestem favoráveis à legalização do aborto.

Na Europa de leste, o nível de oposição ao casamento homossexual é, entre os jovens adultos (18 a 34 anos) em alguns países, superior a 90%.

Certos conceitos e crenças religiosas estão ainda muito presentes entre os portugueses: 60% dizem acreditar no destino, 48% acreditam na ‘mão do diabo’ (maldições e feitiços) e 31% acreditam na reencarnação.

Entre os países da Europa ocidental só Espanha e Bélgica apresentam valores próximos de crença nestes conceitos, com a maioria dos países a revelar um nível de aceitação bastante inferior à veracidade destas ideias.

Uma das ideias em que é mais difícil dividir a Europa ao meio é na separação entre Estado e Igreja com resultados muito distantes entre vizinhos muito próximos.

Se apenas 56% dos portugueses entendem que a religião deve permanecer separada das políticas do Governo, esta separação é defendida por muito mais espanhóis, com 75% a advogá-la.

Há ainda 40% de inquiridos em Portugal que entende que o Governo deve apoiar crenças e valores religiosos, contra 17% dos espanhóis.

Se os espanhóis ficam, nesta matéria, no topo da tabela dos ‘separatistas’ entre Estado e religião, próximos de suecos, finlandeses, bósnios, dinamarqueses e checos, os portugueses ficam mais no fundo da tabela, mas ainda entre os que maioritariamente preferem a separação entre Estado e Igreja, próximos de austríacos, irlandeses, italianos e suíços.

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